“O Governo faz a sua parte, mas a população precisa cooperar”, afirma Geraldo

Desde o dia 16 de março, eles passaram a fazer parte da vida e do dia a dia dos sul-mato-grossenses. Num dos períodos mais difíceis já vividos na área da saúde em todo o mundo, são eles que informam a população de forma clara e transparente os números da Covid-19 e as ações que estão sendo tomadas pela Secretaria Estadual de Saúde do MS – SES.

Estamos falando do secretário da pasta, Dr. Geraldo Resende, e da adjunta, Dra. Christinne Maymone, em suas famosas lives. Duas personalidades que se complementam, sobretudo na hora de falar diretamente com a população através das câmeras.

Ele em tom incisivo e ela mais conciliadora, ambos cumprindo com toda dignidade a missão de transmitir segurança à milhares de pessoas que acompanham os Boletins Covid-19.

Não obstante os números, o cenário preocupante, a superlotação dos hospitais e o visível descumprimento das normas sanitárias por parte da população, eles vão em frente, enfrentando o que talvez seja a batalha mais difícil de suas carreiras na área da saúde.

Desabafo durante live recente demonstra grau de preocupação

Na transmissão da última segunda-feira, início da 52ª semana da Pandemia no Estado, com números de contágio nos altíssimos patamares de 1,15% e taxa de mortalidade em 1,7%, o secretário fez um desabafo: “as pessoas não valorizam a vida. Nem a delas nem a dos outros”, e ainda soltou um palavrão imitando o que ele diz ser a reação dos jovens diante desta crise sem precedentes.

“Estão matando nossos velhinhos”, diz Dr. Geraldo, que já perdeu vários amigos, colegas, parentes internados e ainda tem uma imensa preocupação: a mãe de 95 anos, dona Hermenegilda, que mora em Dourados. Com os abraços interrompidos, para protege-la de eventual contaminação, ele conta como são os momentos de visita tendo que manter o distanciamento. “Quando vou vê-la fico de longe escutando ela chorar”, revela.

Indignado com o que ele chama de “desobediência e descompromisso” de quem não segue as regras de distanciamento, máscaras e cuidados essenciais, o secretário diz que está faltando empatia às pessoas. “O Governo do Estado está cumprindo o seu papel mas a população não ajuda”, reclama.

A epidemia, segundo ele, ainda é muito desconhecida e pegou o mundo inteiro sem saber claramente como lidar com ela. O avanço exponencial da segunda onda, por exemplo, de acordo com Dr. Geraldo, é algo atípico, para o verão onde as doenças respiratórias costumam se arrefecer. “Essa é uma época onde os casos de Dengue e Chikungunya aumentam”, explica.

Com a mudança de cenário e o agravamento do número de casos da Covid-19, o secretário teme o colapso da rede de hospitais. “Não temos leitos, não temos fisioterapeutas suficientes, precisamos contar com a consciência da população”, apela.

Dourados