Dezembro é conhecido por ser o mês de combate e prevenção ao vírus do HIV/AIDS, e em 2020, números obtidos pelo Ponta Porã News junto ao SAE (Serviço de Atendimento Especializado), em Ponta Porã e em outras cidades, 60 pessoas convivem com a doença.
Os municípios de Sete Quedas, Amambai, Coronel Sapucaia, Tacuru, Antônio João e Aral Moreira, que são atendidos no SAE da ‘Princesinha dos Ervais’.
Do total de contaminados, 42 são homens e 18 mulheres, ou seja, a incidência de casos é maior entre o sexo masculino.
Com exclusividade, a reportagem conversou com um rapaz, de 20 anos, que preferiu não se identificar, e que convive com o vírus desde março de 2020, quando recebeu o diagnóstico.
“Eu passei a ter suores noturnos, acordava geralmente com a roupa bem molhada, e até então, eu achava que poderia ser devido ao calor. Chamava minha atenção que isso acontecia até mesmo em dias frios, mas nunca imaginei que eu pudesse estar com HIV. No entanto, fui orientado a fazer o teste, e veio o diagnóstico”, revelou.
Ao Ponta Porã News, ele contou também que o baque foi imediato e inevitável, se sentiu perdido e com medo do que poderia acontecer.
“Na época eu namorava, então pedi que meu companheiro também realizasse o teste, e ele deu negativo, o que me perturbou mais ainda, pois eu tinha medo de transmitir o vírus, apesar dos cuidados que tomamos. Apesar de ter descoberto em março, foi em meados de abril, maio que tive coragem de procurar o atendimento médico e iniciar a medicação. É constrangedor ao buscar os medicamentos, por exemplo, mas no dia a dia, tento encarar da melhor forma possível. Pouquíssimas pessoas sabem, afinal, ninguém que tem pressão alta sai falando, então, não preciso contar para todo mundo, e assim, tenho força para levar a vida”, pontua.
“O preconceito ainda é uma pandemia”
O rapaz também contou que apesar de tantas informações, ainda há muito preconceito e um tabu quando o assunto é HIV/AIDS. “As pessoas acham que o vírus vai ser transmitido por um simples ‘aperto’ de mão, como acontece com a Covid-19, porém não é assim. Além disso, quando estamos com a medicação em dia, a taxa de transmissão diminui consideravelmente, a ponto de a carga viral ficar baixíssima e então, definitivamente, o vírus não é mais transmitido, o que não significa que o tratamento precisa ser abandonado. Pelo contrário, é para a vida toda”, concluiu.