Com tensão em alta, indígenas de Amambai fazem eleição neste domingo

Com tensão em alta, indígenas de Amambai fazem eleição neste domingo

Midiamax

Em clima de tensão, indígenas da Aldeia Limão Verde, localizada em Amambai, na fronteira com o Mato Grosso do Sul, fazem uma nova eleição neste domingo (7). A disputa pelo comando da comunidade envolve denúncias de tortura, ameaças, fechamentos de rodovia e inquérito aberto pela PF (Polícia Federal) de Ponta Porã, por determinação do MPF (Ministério Público Federa.

Procurado pelo Midiamax, o MPF explicou, por meio de nota, que tramita no órgão um inquérito civil, instaurado para mapear os conflitos internos existentes na terra indígena Limão Verde e as formas organizadas pelos indígenas com o fim de administrar a ausência de forças policiais na área.

Segundo o MPF, desde a instauração do referido inquérito, em 2018, o órgão atua como mediador e titular da ação penal, oficiando e promovendo reuniões com forças policiais, com a comunidade e com as lideranças indígenas, fazendo diligências e solicitando providências às autoridades competentes.

“Fizemos uma reunião com o Ministério Público para tratar sobre essas situações. Num ano de pandemia, começaram a acontecer vários casos de violência, torturas, ameaças, homicídios, e diante disso, a aldeia se revoltou e agora pede uma nova eleição, para que outro líder indígena seja eleito”, explicou um dos moradores da aldeia.

No último dia 12 de janeiro, uma mulher de 29 anos procurou a delegacia de Polícia Civil de Amambai, após ter sido espancada por cinco pessoas e ser apontada como ‘bruxa’. Aos agentes, a vítima relatou que estava em casa, quando foi surpreendida pelo bando, formado por cinco mulheres e dois homens. Eles teriam chegado armados com martelo, facão e pedaço de madeira.

“Recentemente, houve um novo agravamento dos conflitos motivado pela escolha do capitão na referida aldeia, razão pela qual o MPF realizou, em 25/01/21, por videoconferência, reunião com ambos os grupos envolvidos na disputa”, diz um trecho da nota.

Conforme o MPF, a reunião resultou em consenso no agendamento da eleição para a liderança da comunidade e que ela aconteceria no dia 31 de janeiro. Entretanto, “informações dão conta de que os ânimos continuaram exaltados na comunidade e houve proposta de alteração da eleição para o dia 07/02, data que já foi aceita pelos candidatos”.

“Cumpre ressaltar que, considerando a possibilidade de potencialização e multiplicação de atos violentos na comunidade, o MPF solicitou apoio presencial da Polícia Militar, da Polícia Federal e do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) para a realização da eleição”, conclui a nota.

Embora tenha havido concordância entre os dois candidatos envolvidos na disputa pelo comando da aldeia, Alimer Nelson (atual capitão) e Oldeir Pavão Rodrigues, para que a eleição aconteça neste domingo (7), grupos contrários à umas novas votações já interditaram por duas vezes a MS-156. O primeiro fechamento aconteceu no dia 29 de janeiro e o segundo nesta sexta-feira (4).

Procurado pelo Midiamax para tratar do agravamento dos conflitos e das recentes manifestações, o MPF informou que a atuação do órgão se mantém nos termos divulgados em nota no dia 29/01 (http://www.mpf.mp.br/ms/sala-de-imprensa/noticias-ms/nota-a-imprensa-sobre-conflitos-na-aldeia-limao-verde-em-amambai-ms), restrita à mediação do conflito e à proposição de soluções, considerando tanto o que preconiza a CF quanto a Convenção 169 da OIT, que garantem autonomia interna e capacidade de auto-organização às comunidades indígenas.

MPF solicitou apoio presencial da Polícia Militar, da Polícia Federal e do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) durante a realização da eleição.(Foto: Divulgação)
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