Casa destruída e carros arrastados: rompimento de barragem deixou rastro de destruição

A casa da aposentada Luzia Ramos do Prado, de 60 anos, ficou destruída depois que a barragem de um condomínio de luxo se rompeu na manhã desta terça-feira (20/8), na BR-163, entre Campo Grande e Jaraguari.

“Perdi tudo, mas sobrou meus filhos, sobrou a vida”, disse a mulher ao site Campo Grande News.

Ela contou que minutos antes, a filha que estava na cidade recebeu um alerta da Defesa Civil pedindo para que moradores saíssem de casa imediatamente, pois a barragem havia rompido e que não teria como ser controlada. Ela logo ligou para a mãe e informou.

“Deu tempo de entrar no carro e sair. Foi um estrondo, hoje eu estou vivendo um pesadelo. Os três minutos que Deus fez a gente sair com vida. Foi Deus e eu creio nisso e vou morrer crendo nisso”, destacou.

No interior da residência está tudo revirado, com muita lama, galhos, folhas e madeiras. Na garagem, um carro Ford Fiesta também foi atingido pela água.

A mulher mova no imóvel há 36 anos e lembra que construiu tudo “tijolinho por tijolinho”. “Nós vamos correr atrás, não temos preguiça. Nós não temos mais documentos, não temos cartão de crédito, não temos uma roupa, saímos com o chinelo e Deus. Não sei para onde ir, acho que eu tinha mil reais na bolsa, não tenho mais. Estou nas mãos de Deus e ele proverá”, disse Luzia.

Um fato que chama atenção é que, conforme o site, a represa já estourou outras vezes. “É um assassinato, porque se aconteceu a primeira e a segunda, era pra ter esgotado isso aos poucos e fechado, pois eles sabiam que iam estourar de verdade e ia detonar muitas vidas assim como fez, destruiu muitas vidas, tenho certeza disso”.

Tiago Andelço, de 35 anos, é filho de Luzia. Ele complementa a fala da mãe dizendo que o pai tem uma propriedade rural ao lado e criava alguns porcos, que foram levados pela correnteza. “Esse foi o pior barulho que ouvi na minha vida. Acabamos perdendo tudo. Tentei salvar alguns animais, mas a maioria acabou sendo arrastada pela água”, lamentou.

Na região, havia entre oito e dez casas, e todas foram atingidas. Isso não foi acidente, foi negligência e todo mundo da região já sabia que isso podia acontecer, só não sabíamos quando”, finalizou Tiago.

Carros arrastados

A Defesa Civil de Mato Grosso do Sul realiza levantamento dos danos provocados pelo rompimento de barragem, segundo o chefe do Departamento de Gestão de Riscos e Desastres do órgão, capitão Maxwelber de Moura Fé está no local. “A equipe da Defesa Civil Estadual se deslocou para local imediatamente onde realiza um levantamento de todos os danos e prejuízos e sofridos”, comenta.

Ele também afirma que a mancha de inundação que chegou à BR-163 fez com que veículos fossem arrastados. “Temos também a informação de que várias residências e várias propriedades rurais foram atingidas, alguns veículos também foram arrastados, mas estamos realizando o levantamento”, pontua.

Junto com as demais forças, o capitão ressalta que o mais importante no momento é manter informada e tranquilizar a população sobre as possíveis consequências desse rompimento.

Sem certificado

O tenente-coronel dos Bombeiros, Fábio Pereira de Lima confirmou que o Nasa Park, condomínio onde ficava a barragem, não apresentou nenhum certificado de vistoria em relação à represa.

“Faremos a notificação e possíveis autuações sobre as irregularidades que possam ser encontradas”, pontuou. O valor da multa varia dos itens em desacordo com a lei nº4335, de incêndio e pânico. Fábio ressalta que já houve notificação dos bombeiros, “a alguns anos atrás”, para a regularização do certificado.

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