O governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB) determinou nesta segunda-feira (23), o afastamento imediato dos policiais militares acusados de agressão durante atendimento de ocorrências em Bonito e Bodoquena, no fim de semana.
Segundo nota divulgada à imprensa, para Azambuja, ainda que tenha havido desacato e agressões contra os militares, “são inadmissíveis violência extrema e conduta empregada na ação policial nestes casos”.
Por fim, é citado que o caso já está sob investigação em Inquérito ‘Policial Militar’.
A Defensoria Pública também emitiu nota de repúdio ao tenente da Polícia Militar que agrediu com socos e pontapés a mulher grávida em setembro. Para o órgão, o agressor mostrou “descontrole e despreparo na atuação”.
“O NUDEM reconhece a importante função exercida pela Polícia Militar, contudo, mostra-se preocupado com os atos praticados por um oficial cuja conduta deveria servir de exemplo para os demais integrantes da corporação, mas que acabou revelando lamentavelmente descontrole e despreparo na atuação”, diz a publicação, atribuída ao NUDEM (Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher).
O texto também diz que todas as situações são agravantes e mostram as relações de desigualdade. “Não bastasse a agressão desproporcional realizada por agente público dentro de um batalhão contra pessoa sob a tutela do Estado e sem possibilidade de defesa, tratou-se de violência física de um homem contra uma mulher, evidenciando de forma ainda mais gritante a subjugação e as relações de desigualdade e de poder impostas contra a vítima de maneira extremamente violenta”.
A agressão
Após as cenas de agressão, os policiais registraram o boletim de ocorrência por ameaça, dano, resistência, desacato e embriaguez. Conforme o registro policial, a mulher teria se envolvido em uma confusão em restaurante em Bonito. Consta que ela chegou ao local antes do estabelecimento abrir e que pediu que a servissem. Porém, o dono teria dito a ela que o restaurante iria abrir dentro de 15 minutos. Assim ela teria se irritado e iniciado a confusão, conforme registrado no B.O.
O dono do restaurante disse que a mulher estava alterada e com a filha no colo, dizendo que ela era autista e precisaria ser servida naquele momento. Os PMs relatam no B.O que no momento em que estavam atendendo a ocorrência, tentaram conversar com a mulher. “Novamente ela veio com agressividade dizendo que iria surrar a [nome da proprietária do restaurante] e avançou contra a guarnição, neste instante tivemos que usar da força para contê-la”.
Os PMs responsáveis por lavrar o boletim de ocorrência não citam as agressões cometidas pelo policial, limitando-se a dizer que a mulher foi levada para dentro do quartel para ela “ficar em um local mais arejado, porém tal procedimento tornou-se inzequível (sic), pois a autora começou novamente a proferir palavras de calão contra a guarnição, desacatando e depreciando a autoridade policial”. Porém, nas imagens é possível ver que as agressões partem do policial, pois a mulher já estava contida pelas algemas.