O secretário de Infraestrutura de Mato Grosso do sul, Eduardo Riedel, é um empreendedor e administrador bem sucedido. Graduado em Biologia na UFRJ, tem mestrado em Zootecnia na UNESP, cursou MBA em Gestão Empresarial pela FGV e participou da formação Gestão Estratégica para Dirigentes Empresariais, realizado pelo INSEAD, em Fontainebleau, França.
Desde 1994 é diretor da Sapé Agropastoril Ltda., empresa que atua na produção de carne bovina, cana-de-açúcar e grãos, em Maracaju. Implementou um modelo de gestão inovador, com enfoque na gestão de pessoas, avaliação de desempenho organizacional e participação nos resultados.
Foi presidente do Sindicato Rural de Maracaju, vice-presidente e presidente interino da Famasul. Eleito por unanimidade, assumiu a presidência da Famasul, cargo do qual se licenciou em janeiro de 2015 quando se tornou secretário de Estado de Governo e Gestão Estratégica.
Neste período também foi presidente do Movimento MS Competitivo e do Conselho Deliberativo do Sebrae/MS. Atuou ainda como vice-presidente diretor da CNA.
Riedel pretende usar este background, aliado aos seis anos de forte presença nos municípios do Estado por meio de suas atividades públicas, para dar continuidade a um plano de ação que tem por objetivo continuar levando o Mato grosso do Sul a conquista dos melhores indicadores de governança de desenvolvimento do país.
“Muitas das reformas que o Brasil discute hoje já foram efetuados pelo MS, e a consequência é uma transformação nas mais diversas áreas. É isso o que me motiva a aceitar este desafio. Manter o estado nos trilhos do desenvolvimento e da modernização. Vamos deixar de ser um estado mediano para caminhar rumo a ponta, entre os estados mais desenvolvidos do país”, afirma Riedel.
Você é pré-candidato ao governo de Mato Grosso do Sul. O que te levou à essa decisão?
Se olharmos a trajetória desse grupo político liderado pelo governador Reinaldo Azambuja nesses quase sete anos, percebemos uma mudança bastante expressiva em todos os indicadores do estado. Deixamos de ser aquele estado menor, marginalizado, ganhamos uma dimensão em âmbito nacional. Muitas das reformas que o Brasil discute hoje já foram efetuados pelo Mato Grosso do Sul, e a consequência é uma transformação nas mais diversas áreas, como a saúde, a infraestrutura, a geração de empregos e de investimento privado, a transparência, a responsabilidade fiscal, a educação, o saneamento básico, a habitação, a segurança pública e o meio ambiente. A marca deste grupo político são as ações transversais, pensando o estado a longo prazo. Os resultados que estão sendo obtidos são frutos de todas estas ações. E foi este grupo que decidiu me escolher para personificar esse projeto no ano que vem. Não é uma decisão pessoal, é um projeto. A decisão pessoal foi a de aceitar representar um grupo que teve e tem um projeto de desenvolvimento para Mato Grosso do Sul. É isso o que me motiva
Há alguns anos, em uma entrevista com o professor Leandro Sauer, da UFMS, concordamos com a ideia de que Mato Grosso do Sul era o “estado do meio”. Do meio, no sentido de que a gente não está nem atrás de todo mundo e nem na frente de todo mundo, mas você traça um panorama diferente…
Sim. Nós estamos saindo desata posição intermediária e indo para a ponta, no que se refere a diversos indicadores. Pergunto: que estado, hoje, em meio a esta crise sanitária e econômica, manteve-se equilibrado e, ao mesmo tempo, adotou um conjunto de medidas colocando um bilhão de reais para reaquecer a economia? Nós fizemos isso. Agra, queremos dar continuidade a estas ações, levando Mato Grosso do Sul para seu lugar, que é entre os melhores estados do pais, para se viver e investir.
Outra questão referente ao conceito de “estado do meio” é o nosso posicionamento geográfico. Como aproveitar este fato para o desenvolvimento?
A rota bioceânica e os portos criam um novo eixo de logística, de integração, de pessoas, de cultura, de turismo. Nós não somos mais aquele finzinho do Brasil, longe do Sudeste e do Sul, virado de costas para a América do Sul, sem contato com o litoral. Nós somos um estado posicionado e de mãos dadas com o Atlântico-Pacífico. Isso será um impulsionador para nossa economia. Mas, nosso desenvolvimento não está atrelado apenas a isso. Adotamos, e continuaremos adotando um conjunto de ações que leve confiança ao empresariado.
Você está falando de interlocução entre o Governo e o setor público…
Sim. Não é só a infraestrutura, é a velocidade de resposta. Por exemplo, a lei que fizemos no 3º ano de governo, facilitando o ambiente de negócios e os incentivos fiscais, a desburocratização das licenças ambientais sem perder qualidade na proteção do meio ambiente? Esse foi um ponto chave. Nós desmistificamos a ideia de que desenvolvimento e meio ambiente eram antagônicos e inimigos. Isso foi estratégico.
A agenda ambiental do estado é uma das mais modernas do Brasil.
Sim, até 2030 estaremos com carbono zero. Meta clara, com programas muito bem definidos. Vou te dar um exemplo: a Gol trouxe um voo para Bonito. Foram R$ 100 milhões de investimentos no Aeroporto de Bonito para mudar de classificação. Organizamos um pacote de incentivos tributários para isso. E aí escuto do presidente da Gol: “Vacinação, vocês fizeram o dever de casa. Isso foi determinante para a nossa tomada de decisão”. Na questão ambiental, sugerimos a Gol que seu voo para Bonito estivesse linkado a ideia de redução da emissão de carbono, como eles fizeram na Fernando de Noronha. Ou seja. Trata-se de um conjunto de ações para atrair investimentos.
Dentro da questão ambiental, a compra do parque estadual do Rio Negro foi uma bola dentro.
Estava há décadas em briga judicial. Resolvemos adquirir um ativo importante pro estado.
Faz parte da ideia de desenvolvimento ter a capacidade de identificar ativos que, para muitos, não passam de problemas…
Exatamente. Nossa população indígena, por exemplo. Muitas pessoas identificam como problema. Não, não é um problema, é um baita ativo. Temos que deixar o que nos separa de lado e incentivar o desenvolvimento dessas comunidades, dentro da visão de mundo deles, da cultura deles. Estamos, por exemplo, com um convênio com a Universidade do Canadá para desenvolver uma cooperativa das mulheres indígenas artesãs, para vender seu trabalho, gerar renda para elas, dar dignidade. A gente empreende em uma série de áreas que colocam o estado em uma outra dimensão. Vamos continuar fazendo isso.
Quais são os gargalos que precisam ser resolvidos para que uma futura gestão possa, realmente, alavancar o estado?
Ninguém melhor do que os próprios sul-mato-grossenses para nos apontar estes pontos de estrangulamento. Por isso, desde o início, adotamos uma política municipalista. O que é isso? É dar a mão ao município, ouvir suas prioridades. E, quando assim fizemos, percebemos muitos problemas, especialmente na infraestrutura: pavimentação de rua, esgotamento sanitário, etc. São problemas seríssimos e de base. Estamos enfrentando-os e vamos continuar trabalhando para superá-los. Ouvir os municípios e dar resposta direcionada, dentro daquilo que é mais importante para aquela comunidade, acho que isso fez e continuará uma diferença muito grande.
E a saúde, educação?
São pontos urgentes. A agenda da educação não pode ser deixado em segundo plano. A saúde e a segurança pública são consequências diretas da educação. Temos monitorado muito o crescimento do IDEB, que é o último indicador do ponto de vista do resultado da política pública. Estamos investindo nas reformas das escolas, reformas de fato, não se trata de uma pintura de parede. Também apostamos na descentralização da saúde. São pontos de trabalho, mas há muito a ser feito.
Você falou sobre dois pontos fundamentais, o meio ambiente e os povos originários. São duas alavancas para a indústria do turismo. Como você pensa essa questão da indústria do turismo no Mato Grosso do Sul
Acho que a incorporação responsável destes dois ativos são importantes. E a eles deve ser equacionada a questão da infraestrutura, que é fundamental. Estamos investindo em pavimentação para ligar com mais qualidade nossas duas grandes estrelas do turismo, Bonito e o Pantanal. O que está sendo feito de infraestrutura para esses dois grandes destinos é inédito. Mais de R$ 300 milhões colocados em acesso no Pantanal. É investimento não só para só turismo, mas o social e para a pecuária.
Que outras ações estão planejadas para incrementar o turismo no MS?
Vamos fazer a estrada de Anastácio até Bonito, o serviço será iniciado agora, em outubro. Investimento em saneamento básico e água, em Bonito, para preparar o município para os feriados. Outro projeto grande, tão importante quanto as rodovias, são as infovias. Temos que preparar os nossos municípios para acesso à dados, trânsito de dados. Comunicação é muito importante na captura de novos voos, na promoção do destino.
A pandemia atingiu o setor de turismo de forma inédita. Como estas ações que já foram efetuadas e as que estão para ser feitas mitigaram esta realidade no MS?
O mês de agosto passado, em plena pandemia, foi o melhor mês de agosto em Bonito nos últimos 5 anos. Isso é resultado de um ambiente de negócios que criamos junto ao empresariado. E temo muito a crescer com nossa biodiversidade, a preservação das nossas águas, dos rios, a pegada de carbono, a estrada de Anastácio para Bonito, a rota do turismo, nosso projeto de estrada livre, que são estradas que tem todo um aparato para proteção contra o atropelamento de animais.
Nós temos – fora do foco do Pantanal, Bonito, Corumbá, etc – núcleos de pequenos paraísos para serem explorados pelo turismo. Por exemplo, bem próximo a Campo Grande está o distrito de Camisão, com suas trilhas e cachoeiras. Assim como esse local, existem inúmeros outros pelo estado. Você pensa em algum tipo de planejamento específico para fortalecer este micro turismo?
Importantíssimo. Não só penso, como já estamos fazendo. Se você pegar Camisão, Rio Verde, Costa Rica, etc, são lugares estratégicos. Por exemplo, nós pavimentamos de Piraputanga até Aquidauana. Tem rota de bicicleta, e aí você tem acesso do meio de Camisão para a BR. Vamos começar 10 km de pavimentação ali. O acesso ao Morro do Paxixi, já mandamos fazer o projeto. O resultado disso é investimento privado. Veja a vinícola que está sendo construída em Camisão. Por que tá vindo? Porque tem estrada, tem asfalto, tem incentivo fiscal. Vamos investir ali no Morro do Paxixi, e olha que rota que se forma! Sai dali de Campo Grande para chegar em Aquidauana, não vai pela BR, vai por Piraputanga, Camisão, Morro do Paxixi, pega Anastácio e vai pra Bonito! Assim vamos formando os eixos turísticos, a partir desses nichos, destas rotas. Rio Verde já está com 15km de acesso aos balneários sendo pavimentados. Estas ações são indutores de decisão para setores com potencial turístico. Mesmo que ainda não tenha fluxo, você investe e a demanda começa a chegar.
Falando da questão política nacional. Você acha que a democracia brasileira está em risco?
O Brasil está muito polarizado, as discussões estão muito extremadas, por um lado e para o outro. Mas, eu não consigo enxergar ruptura, eu acho que o Brasil tem solidificado instâncias e instituições realmente sólidas, e acho que há muita retórica dos dois lados. A gente precisa retomar o protagonismo da agenda do Brasil, isso é que é fundamental. Temos que limpar um pouquinho a discussão mais periférica, extremada, e convergir para a agenda que o Brasil precisa para poder deslanchar. É a agenda da reforma administrativa, a agenda da reforma tributária, a agenda da competitividade do país, a agenda da infraestrutura para poder viabilizar a atração de capital, que gera oportunidade para nossa gente. Acho que no ambiente tensionado, polarizado, a gente perde foco no que interessa. Porque fica muito mais em cima de retórica do que de afirmação e de plano concreto. É isso que eu penso do cenário nacional, a gente tem que retomar o protagonismo e a agenda do Brasil. Lá na frente nós vamos decidir quem vai conduzir o futuro do Brasil, mas eu quero ouvir os candidatos falarem em priorizar a agenda que o Brasil precisa para poder melhorar.
O PSDB está extremamente dividido no âmbito nacional. Você acha que isso vai influenciar fortemente aqui na disputa em Mato Grosso do Sul?
Não vejo dessa maneira. As unidades federativas têm independência. Claro que têm as alianças partidárias, de grupo, etc. Mas, nem tudo é alinhamento automático e direto. Você tem propostas que são colocadas pro âmbito nacional e nós, aqui, de um grupo político amplo, temos muito bem definida a nossa agenda. Eu acho que a gente tem que focar no Mato Grosso do Sul e no resultado para o nosso estado. E, claro, acompanhar o movimento eleitoral nacional, ver quem que vai se apresentar, como é que vai ser a discussão, mas isso vai acontecer só no ano que vem.
O que é que o sul-mato-grossense pode esperar de um governo Eduardo Riedel?
Muito comprometimento, uma agenda de desenvolvimento para estado. É isso que gera oportunidade para as pessoas. Desenvolvimento gera emprego, renda, avanço da infraestrutura, respeito aos municípios, respeito a cada região, a cada localidade. E esse respeito vem na forma de diálogo, de procurar compreender a demanda de cada um. Continuar participando ativamente do desenvolvimento dos municípios em todas as esferas. E que a gente siga nesse caminho firme do Mato Grosso Sul, caminhando rumo à ponta na lista dos estados. A gente tem feito isso de maneira muito firme e isso se traduz em qualidade de vida, em bem-estar, em perspectiva positiva para as pessoas.