Marquinhos mantinha sob sigilo corrupção na Prefeitura de Campo Grande

O Programa de Inclusão Social (Proinc) da Prefeitura de Campo Grande, que está sob investigação do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), um dos braços da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, revelou-se em caso de corrupção da gestão Marquinhos Trad. O ex-Prefeito conseguiu esconder a escandalosa lista de beneficiários e outras irregularidades do programa até o último dia em que ficou à frente da administração municipal.

Ao assumir o cargo de prefeita, Adriane Lopes se empenhou em manter sob sigilo a farra com o dinheiro público. Porém, quatro meses depois que assumiu a Prefeitura, no dia 1º de agosto passado, um servidor da Fundação Social do Trabalho (Funsat), revoltado com o uso eleitoreiro do Proinc, vazou a listagem para a imprensa.

Conforme denúncia feita pelo site “Politica Voz”, na ânsia de proteger o ex-prefeito e candidato a governador do Estado Marquinhos Trad (PSD), tudo indica que Adriane Lopes voltou a colocar a lista do Proinc sobre segredo novamente. Ao se tentar fazer novas pesquisas no programa da Prefeitura para ver se tinha alguma pessoa irregular, para surpresa, a consulta está disponível somente até julho. “As consultas podem ser feitas por departamento, mas também fizemos as buscas pelos nomes mais comuns, não há relatório a partir do mês de julho”, denunciou o portal.

Sem explicação

A prefeita Adriane Lopes ainda não explicou o porquê até agora não sancionou a nova lei do Proinc, aprovada pela Câmara Municipal de Campo Grande, no dia 25 de agosto, que tem como objetivo acabar com a farra com o dinheiro público, corrupção institucionalizada pelo ex-prefeito Marquinhos Trad e mantida pela atual gestora municipal.

Ao ocupar a tribuna da Câmara Municipal, o vereador Marcos Tabosa (PDT) denunciou que a Prefeita não sancionou a nova Lei do Proinc para dar tempo dos cabos eleitorais, pagos pela Prefeitura, “bandeirar” junto com ela nas ruas de Campo Grande. “No momento EM que ela sancionar a lei, vai ter que fazer um novo recadastramento, e as pessoas que não estiverem na regras vão cair. Isso é fazer A coisa certa, e não ficar bandeirando nas esquinas de Campo Grande”.

O Vereador lamentou o fato de a Prefeita ficar “bandeirando” para o ex-prefeito Marquinhos Tra, em vez de cuidar de Campo Grande, “que está abandonada. A Saúde está um caos, com contratos suspeitos; infraestrutura abandonada, Educação Abandonada, Emeis [Escolas Municipais de Educação Infantil] um lixo, escolas caindo aos pedaços, Cras [Centros de Referência de Assistência Social] caindo aos pedaços. O aparelhamento público sendo desmontado. E a senhora, prefeita Adriane Lopes, fazendo bandeiradas nas esquinas de Campo Grande, é pra acabar”.

Tirando dos pobres para dar aos ricos

O Proinc, criado em 2010, tinha como finalidade amparar pessoas de famílias carentes de Campo Grande e com pouca qualificação profissional. No entanto, em vez de beneficiar necessitados, o programa, segundo denúncia que circula no Legislativo Municipal, tem favorecido donos de empresas, pessoas empregadas, diplomadas, influenciadores digitais que ostentam riqueza em postagens nas redes sociais, professor que nem reside em Campo Grande, amigos, parentes e agregados de servidores do alto escalão da prefeitura, comerciante, aposentados e até a mãe de aliado político da gestão Marquinhos Trad.

Ainda recai sobre o programa a acusação que 36 pessoas extrapolaram o limite de permanência no programa (de no máximo 2,6 anos). Alguns deles estão há cerca de 10 anos no Proinc, sendo que três pessoas têm envolvimento em ações criminosas ou pertencem ao crime organizado e 17 beneficiários possuem padrão financeiro incompatível com a legislação que estabelece as regras do programa. Todas essas informações já estão em poder da polícia.

Conforme divulgado na imprensa, a investigação deve ficar a cargo da titular do Dracco, a delegada Ana Cláudia Medina.

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