G1
O Facebook tirou do ar uma live de Jair Bolsonaro (sem partido) em que ele compartilhava uma mentira sobre a relação entre vacina contra a Covid e Aids. O vídeo não está mais disponível nas contas do presidente no Facebook e também no Instagram, que pertence ao mesmo grupo.
“Nossas políticas não permitem alegações de que as vacinas de Covid-19 matam ou podem causar danos graves às pessoas”, disse um porta-voz do Facebook.
A live foi ao ar na quinta-feira (21). Nela, Bolsonaro mencionou uma notícia falsa que diz que relatórios oficiais do Reino Unido teriam sugerido que as pessoas totalmente vacinadas estariam desenvolvendo a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS) “muito mais rápido do que o previsto”.
“Só vou dar notícia, não vou comentar. Já falei sobre isso no passado, apanhei muito… Vamos lá: relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados… Quem são os totalmente vacinados? Aqueles que depois da segunda dose né… 15 dias depois, 15 dias após a segunda dose, totalmente vacinados… Estão desenvolvendo Síndrome da Imunodeficiência Adquirida muito mais rápido do que o previsto. Portanto, leiam a matéria, não vou ler aqui porque posso ter problema com a minha live”, afirmou Bolsonaro durante a transmissão.
O g1 procurou o Palácio do Planalto, que ainda não se pronunciou até a última atualização desta reportagem.
Banimento das redes
As falas do presidente Jair Bolsonaro sobre a vacina serão incluídas na CPI da Covid, declarou o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), à GloboNews na manhã desta segunda-feira (25).
“Vamos oficiar ao ministro Alexandre de Moraes a ocorrência reiterada de crime do presidente da República disseminando fake news sobretudo em relação à vacina”, disse.
Randolfe também afirmou que no ofício ao ministro do Supremo Tribunal Federal e no relatório da CPI as seguintes medidas serão solicitadas:
que o presidente se retrate em lives nas redes sociais sobre a vacina ter implicações relacionadas à Aids, sob pena de receber uma alta multa diária;
que o ministro Alexandre de Moraes avalie a possibilidade de suspensão ou banimento por tempo determinado ou indeterminado de Bolsonaro das redes sociais;
que o Facebook, Instagram, Twitter e Youtube analisem a suspensão ou banimento das contas do presidente pela prática reiterada de crimes.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também se manifestou sobre a fala do presidente. Ao ser questionado após um evento em São Paulo, disse: “Se ele não tiver nenhuma base científica para isso, ele evidentemente vai pagar pela sua declaração”.
Reino Unido confirma que notícia é falsa
Procurado pelo g1, o Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido afirma que a publicação é de um site que propaga “fake news” e teorias da conspiração e diz que a história não é verdadeira.
A notícia falsa mencionada por Bolsonaro foi colocada no site conspiracionista beforeitnews.com, que publica textos dizendo que as vacinas rastreiam os vacinados e que milhões de pessoas morreram com as vacinas.
Zahraa Vindhani, oficial de comunicações da Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido, afirmou ainda que “as vacinas contra a Covid-19 não causam Aids” e que a “A Aids é causada pelo HIV.”
Pesquisadores ouvidos pelo g1 também refutam as ideias contidas na publicação falsa (saiba mais aqui).
Em março, as duas redes sociais já tinham removido um vídeo do presidente em que ele provocava aglomerações durante um passeio em Brasília, em um momento em que o Brasil registrava cerca de 2.500 mortes diárias, pela média móvel.