A PM (Polícia Militar) afirmou em nota à imprensa enviada nesta terça-feira (27), que o ‘cigarreiro’ Ederson Crebs, de 23 anos, tentou fugir ao receber ordem de parada dos agentes, apontando pistola nove milímetros contra a equipe.
Como noticiado com exclusividade pelo Ponta Porã News, o caso aconteceu na noite de domingo (25), quando a guarnição da Polícia Militar realizava rondas e abordagens na área central de Ponta Porã e avistaram o carro GM Astra saindo de Pedro Juan Caballero e entrando em solo brasileiro pela avenida Presidente Vargas.
No boletim de ocorrência, consta que ao vir os agentes, Ederson freou bruscamente e tentou retornar para o país vizinho, e apontou a arma para os policiais que dispararam “um único tiro, atingindo o veículo, que parou em seguida, após colidir com uma elevação na lateral da via”, afirma a nota.
O tiro acertou as costas do homem que chegou a ser socorrido e encaminhado ao HR (Hospital Regional), porém, não resistiu ao ferimento.
Assim como menciona no registro policial, a nota da PM reafirma que no veículo foram encontrados cinco caixas de cigarros (250 pacotes), e pequena quantidade de cocaína, no porta-copos do motorista, além da arma usada pelo autor, que foi apreendida e entregue para a equipe da Perícia Oficial. O revólver estava com uma munição pronta para uso, e mais dez no carregador.
Inquérito instaurado
Outro trecho da nota afirma que um IPM (Inquérito Policial Militar) foi instaurado para apurar os fatos, e que o MP (Ministério Público) foi informado, como adiantado ontem, pela reportagem.
A nota argumenta que o “4º Batalhão de Polícia Militar na sua missão de dar segurança à fronteira, vem realizando Operações diárias nos municípios de Ponta Porã, Aral Moreira e Antônio João, sendo nos últimos três meses realizadas 269 operações, sendo apreendidas nove armas de fogo, não sendo registrada, até o presente momento, nenhuma reclamação de abuso de autoridade ou violência realizada por parte dos Policiais Militares nas abordagens”.
O caso
‘Cigarreiro’ identificado como Ederson Crebs, de 23 anos, que morava em Campo Grande, morreu no domingo (25), na Linha Internacional entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, depois de ser atingido por tiro de fuzil disparado por um agente da Força Tática da PM (Polícia Militar).
Segundo o boletim de ocorrência, o disparo aconteceu quando Ederson tentava retornar ao Paraguai num Astra carregado com cinco caixas de cigarros contrabandeadas.
O caso foi registrado na PC (Polícia Civil) de Ponta Porã como posse ilegal de arma de fogo, ameaça e homicídio decorrente à oposição à intervenção policial.
Mais detalhes da ocorrência revelam que o homem percebeu a presença dos policiais, deu ré no veículo e neste momento, apontou uma arma para os agentes e o integrante da Força Tática fez o disparo de fuzil, ainda conforme a versão apresentada pela equipe da Polícia Militar.
Ao ser atingido, o ‘cigarreiro’ perdeu o controle da direção e bateu em uma elevação. Ele chegou a ser socorrido e encaminhado ao HR (Hospital Regional), mas não resistiu.
Os policiais relataram que encontraram no interior do Astra uma pistola nove milímetros com a numeração raspada e municiada com 11 balas. Os PMs relatam que levaram a arma para evitar que ela fosse roubada.
O que dizem os familiares
Familiares e amigos de Ederson em contato com a reportagem contestaram a versão apresentada pelos policiais de que o homem estava armado, afirmando que ele foi atingido sem ameaçar os agentes, e que a pistola encontrada no carro foi ‘plantada’ para incriminar a vítima.
O corpo de Ederson está sendo velado em Campo Grande e será sepultado hoje. Os familiares disseram que depois do enterro irão procurar a Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) pedindo uma ampla apuração do fato.