Em 7 meses, 87 pessoas foram executadas na fronteira, sendo 53 no lado brasileiro

Relatório da Sejusp (Secretaria Estadual de Segurança Pública) divulgado na terça-feira (3), revela que de janeiro a julho de 2021, 87 pessoas foram executadas na fronteira do Brasil com o Paraguai, dessas, 53 ocorreram em Ponta Porã – número bem maior no comparativo com o mesmo período do ano passado, quando foram 39 assassinatos em solo brasileiro.

Reportagem publicada pelo G1 afirma que, em média, cada morte chega a ter 30 disparos, assim, somando todos os óbitos, o total de tiros chega a 2.610, sejam eles efetuados por fuzis e pistolas.

No Paraguai, autoridades daquele país informaram que no mesmo período, 34 pessoas foram mortas por ‘matadores de aluguel’, e 21 corpos encontrados (essas mortes são investigadas e não receberam atribuição a algum crime).

Referente ao ano passado, não foi informado o número de óbitos.

Ainda na reportagem, o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, de Mato Grosso do Sul, Antônio Carlos Videira, afirma que essas execuções na região de fronteira são decorrentes do “prejuízo que o tráfico de drogas tem experimentado com o aumento de apreensões. Sendo que nos sete primeiros meses de 2021, são mais de 480 toneladas de entorpecentes apreendidos”.

“Com esse prejuízo, alguns traficantes buscam repor seus recursos com roubos a outros traficantes em busca de uma fonte mais rápida de recurso. Quando acontece uma sequência de roubos, isso gera uma sensação de insegurança e também um clamor público, o que faz com que a secretaria de segurança fortaleça a estrutura da segurança pública na região com muita gente de fora”, explicou.

Sangue nas ruas

No domingo (1), dois jovens foram assassinados em Pedro Juan Caballero, no Paraguai. Em menos de uma semana, a região fronteiriça teve seis execuções sumárias. Ontem, dois policiais e um guarda de segurança privada também foram assassinados no interior do país.

Esses crimes são reivindicados pelo grupo ‘Justiceiros da Fronteira’, que deixam um bilhete ‘avisando’ quem será a próxima vítima. Em um dos casos, eles escreveram que ‘não serão aceitos mais roubos na região’.

Na última semana, Mateo Martínez Armoa, de 21 anos, e Anabel Centurion Mancuelo, de 22, foram executados com mais de 47 tiros em uma choperia. O corpo de um adolescente também foi encontrado sem mãos, com o recado: ‘Os justiceiros estão de volta’.

No entanto, ainda não há comprovação de que os crimes de fato são obra do mesmo grupo, pois as investigações estão no início.

O delegado Clemir Vieira, que comanda a Polícia Civil em Ponta Porã, disse que a maioria dos casos de execução na linha de fronteira acontecem do lado paraguaio e, por este motivo, as investigações ficam restritas ao país vizinho.

“Estamos em alerta, não ficamos alheios, mas formalmente não investigamos os casos recentes”, explicou.

https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html Na opinião de Vieira, “eles (‘Justiceiros da Fronteira’) se denominam dessa forma. Não deixa de ser uma organização criminosa que faz justiça com as próprias mãos”, disse.

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