Um forte esquema de segurança que usou veículos blindados e até tanques de guerra foi montado neste sábado (23), pela Polícia Nacional do Paraguai para transportar o traficante Clemencio Gonzales Gimenez, o El Gringo, de Pedro Juan Caballero para a sede do Grupo Especializado em Assunção. Neste local já ficaram diversos líderes do tráficos de drogas e de facções criminosas que poderiam ser resgatados por seus comparsas ou mortos por rivais. Gringo teria pedido para ser levado para a este local e não para o presídio de Tacumbu, o maior da capital paraguaia, onde segundo ele poderia ser morto por desafetos.
Desde ontem após de prisão do traficante, toda a região onde fica a sede do Departamento de Investigações em Pedro Juan estava cercada e fortemente vigiada. Até metralhadoras .50 foram posicionadas para repelir qualquer tentativa de resgate como aconteceu recentemente com o brasileiro Giovane da Silva Barbosa, o Bonitão, quando mais de 30 homens armados tentaram invadir o local. O plano deu certo e Bonitão foi extraditado para o Brasil. Ele é acusado de ser um dos líderes de uma organização criminosa.
Um comboio com dezenas de carros e centenas de homens deixou o Departamento rumo ao aeroporto de Pedro Juan Caballero e a movimentação dos policiais acabou chamando a atenção da população e interrompendo o tráfego em todo o trajeto. Ele foi colocado em um veículo blindado o Tigre 5 e transportado até a pista de pouso onde embarcou na aeronave que o levou até o Aeroporto Silvio Pettirossi em Luque na Grande Assunção.
Gimenez é acusado de diversos crimes e de ser um dos líderes do tráfico na fronteira entre o Brasil e o Paraguai e foi capturado ontem (22) em um condomínio a poucas quadras de uma unidade de segurança em Pedro Juan. Ele ainda tentou fugir do cerco policial, mas acabou se entregando quando notou que havia um forte esquema montado para prendê-lo.
Como está se recuperando de Covid 19 e tem vários problemas de saúde ele foi levado do aeroporto de Assunção para um posto de saúde onde passou por exames médicos e depois foi levado para uma cela especial onde vai aguardar as próximas audiências.
De acordo com o comissário Gilberto Fleitas da Polícia Nacional, a prisão de Gringo foi um duro golpe no crime organizado na fronteira e que mesmo ele tendo ficado foragido por mais de seis anos, ele nunca deixou de ser procurado e que o trabalho de inteligência e o plano de captura funcionou perfeitamente.
Acusado de diversos crimes de homicídios contra policiais, desafetos e concorrentes, um dos mais cruéis atribuídos a ele foi o rapto e a execução de Amado Felício Martinez em 2004. Amado teria se envolvido em um acidente de trânsito onde o irmão do traficante morreu. Como vingança ele ordenou o rapto e a execução dele.
Gringo também seria o responsável pela roubo de cerca de 260 quilos de cocaína que tinham sido apreendidos e estavam na sede da Polícia Nacional no centro de Pedro Juan Caballero. A droga foi levada em carros particulares dele e no local foram deixados sacos de farinha. O episódio causou a prisão de vários oficiais e policiais paraguaios que teriam colaborado na retirada da droga do local.
Investigações apontam que Gringo teria encomendado a morte do atual ministro do Interior paraguaio Arnaldo Giuzzio, quando ele era procurador e diretor da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai em Pedro Juan Caballero. Gringo teria até contratado um ex-policial para executar o crime, mas o plano foi descoberto.