Transgressora, incompreendida e genial, Lídia Baís vira tema de história em quadrinhos

Ana Ostapenko

Lídia Baís é um dos nomes mais conhecidos e controversos do cenário artístico campo-grandense. Nascida em 1900, no berço de uma das famílias mais abastadas da cidade, ela é dona da icônica frase “Por minha causa, vocês ficarão na história”. Mais que uma profecia, a frase selou o destino de Lídia que, hoje, 35 anos após sua morte continua tendo suas pinturas e, principalmente, suas histórias sendo revisitadas por novas gerações de pessoas encantadas com seu comportamento transgressor, ousado e muito à frente do seu tempo. 

Um deles é o artista visual e escritor paulista Fabio Quill que, desde 2017, mora em Campo Grande e está lançando o livro A Casa Baís, baseado na vida e obra de Lídia. O projeto foi financiado pelo Fundo Municipal de Incentivo à Cultura (FMIC), realizado pela  Prefeitura de Campo Grande por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur). 

O interesse pela história de Lídia surgiu logo que Fabio chegou à cidade. Ao visitar o Museu Lídia Baís, no antigo casarão que outrora serviu de morada à Família Baís, ele ficou impressionado. “Fui ao México em 2012 onde visitei o Museu da Frida Kahlo. As semelhanças entre as duas artistas são notáveis! Além de terem suas residências transformadas em museus, há ainda muita similaridade entre as duas: as personalidades transgressoras, a religiosidade, o afrontamento ao status quo da época, as pinturas polêmicas como a tela em que Lídia pinta a si mesma ao lado de Cristo, enfim. Foi impossível não questionar como até então eu nunca tinha ouvido falar da história de Lídia, uma mulher tão forte. Isso ficou remoendo em mim durante uns três anos até que eu decidi contar sua história”, revela.

Quadrinhos – A Casa Baís foi escrita e ilustrada por Fabio Quill, em uma narrativa moderna e dinâmica em formato de história em quadrinhos. O livro trata da vida da artista e, sobretudo, sobre a casa em que Lídia viveu, onde tinha seu ateliê e concebeu as suas obras. Nem mesmo as paredes da Morada dos Baís saíram ilesas. Lídia pintou sobre elas imagens poderosas, tendo como figura central a si mesma.

O livro de Fabio nasceu a partir de um extenso trabalho de pesquisa. Como principal inspiração, o autor escolheu a autobiografia de Lídia, escrita com um pseudônimo e em terceira pessoa. “Além disso, conversei com amigos que tinham histórias e até relatos sensoriais com a obra dela”, pontua. 

Cem professores da rede pública foram contemplados e receberão exemplares de A Casa Baís. Além disso, outras 200 unidades serão disponibilizadas a bibliotecas municipais e estaduais. Em breve, Fabio fará a entrega desses livros e organizará um lançamento online do livro para o público em geral. “Espero despertar o interesse sobre a vida e a obra de Lídia Baís e que todos saibam que, no Centro-Oeste brasileiro, mais precisamente em Campo Grande (MS), existiu uma mulher incrível que merece ser reconhecida por sua vida e sua obra”, afirma.

Quem quiser, poderá também adquirir o livro pelo https://www.catarse.me/acasabais

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