Os editais emergenciais dos Prêmios Cultura Presente I e II e da Lei Aldir Blanc potencializou a produção audiovisual da cultura de rua campo-grandense e em comemoração aos 122 anos de Campo Grande a coordenadora do Núcleo do Audiovisual da FCMS, Lidiane Lima, fez uma seleção de alguns trabalhos que estão disponibilizados no canal do Youtube da Fundação de Cultura de MS que foram feitos de forma colaborativa por aqueles que buscam inspiração na cultura que pulsa nas periferias da Capital.
A cultura de rua manifesta-se através de intervenções artísticas que abordam temas variados como política, religião, protestos e problemas sociais. Ela é considerada uma arte marginal que não segue um padrão estético, sempre livre e em busca de ser a expressão da sociedade e do ser cidadão. Por meio dela a sociedade mostra como se sente em relação a tudo o que está à sua volta e tem como objetivo fazer uma declaração ou denúncia acerca da realidade vivida naquela comunidade ou sociedade e também pode apenas procurar estimular a criatividade e a consciência artística da mesma.
Em 2020 e 2021 os editais emergenciais promoveram a união de artistas e pessoas de diferentes linguagens da cultura de rua que tiveram a preocupação de divulgar seu trabalho através do audiovisual e das redes sociais, ao qual se tornou seu palco principal em tempos de pandemia. Dentro da cultura de rua, o audiovisual foi abraçado pela comunidade de skatistas da Capital como forma de expressão. As produções desse grupo são destaque na cidade, sempre de forma independente, com poucos recursos e colaborativa.
A produtora Produza Projeções auxiliou muitos artistas que não tinham uma infraestrutura para produzir os materiais audiovisuais para sua participação nos editais emergenciais da Fundação de Cultura de MS. Ela iniciou há 6 anos atrás com o intuito de gerar conteúdo como fotografias e vídeos sempre buscando a profissionalização e divulgação da cultura de rua. “Através dos festivais e diversos eventos que participamos a Produza fez trabalhos em outras cidades do Estado como Corumbá, Bonito, Dourados, Ponta Porã, tudo coordenado e segmentado por skatistas que além do esporte enxergam o skate como arte e elemento da cultura de rua e que está inserido na cultura do Hip Hop”, explicou o videomaker Cleverson Rojas. Hoje também são parceiros da Produza: DJ’s, os B-Boys, MCs e os grafiteiros.
Para a coordenadora do Núcleo de Audiovisual da FCMS Lidiane Lima, os auxílios emergenciais democratizaram o acesso cultural premiando os produtores da arte urbana, da cultura de rua. “Com os recursos que receberam eles tiveram a oportunidade de investir em equipamentos que são fundamentais para o registro das manifestações artísticas da cultura de rua de Campo Grande e repassar o conhecimento das novas tecnologias que estão usando para as novas gerações”, destacou. Além de garantir as necessidades básicas dos artistas e produtores, o prêmio foi utilizado para a profissionalização e produção de mais conteúdo como fotos, videoclipes, podcast e lives.
Ela afirmou ainda que os artistas da cultura de rua nem sempre têm espaço para se apresentar nos eventos culturais da cidade e que as redes sociais são os principais canais de difusão desse segmento. A Lei Aldir Blanc potencializou a qualidade e a quantidade dos vídeos produzidos na cidade. “Todo o universo da arte e cultura de rua é autodidata aqui em Campo Grande. Todos os recursos materiais e informações que os produtores e artistas conseguem são divididos e utilizados por todos. Um ensinando o outro vamos manifestando nossas ideias e difundindo a arte urbana na nossa Capital”, finalizou.