Artista fronteiriça participa de Obra coletiva ” Expandir o presente, criar o futuro”

A artista Visual, Miguela Moura, que possui suas raízes na   cultura fronteiriça entre Ponta Porã/Brasil e Pedro Juan Caballero/ Paraguai, atualmente residindo em Governador Valadares, Minas Gerais participa da obra coletiva, “Expandir o presente, criar o futuro” que será lançada com bate-papo e sarau virtual no próximo dia 27 de junho.

Miguela Moura que possui familiares na fronteira e viveu boa parte de sua vida entre    Ponta Porã e Pedro Juan, influenciada por seu pai e avô, sempre esteve intimamente ligada com o meio artístico, nutrindo assim uma grande paixão. No presente, busca valorizar sua identidade através de pinturas e fotografias.

O livro “Expandir o presente, criar o futuro” é uma obra coletiva, pensado por dezesseis mulheres de diferentes espaços territoriais, nacionalidades, com culturas e formação profissional diversas. Poucas se conhecem pessoalmente. A ideia foi expressar que o isolamento social – tão necessário – podia unir em um sentido: ser mulher, defender e respeitar toda vida no planeta.

Para tanto, cada autora escolheu entre março e maio de 2020, um dia, ou os dias, que refletiam seu cotidiano no isolamento. Surpresas, frustração, insegurança, descobertas, carinho e buscas. O encadeamento entre essas expressões ficou a cabo das editoras Mirlene Simões e Fabíola Notari, e da artista visual Priscila Bellotti.

Na obra, entre outras vozes, uma poetisa cubana, doutoras em Ciências Sociais, Planejamento Energético, Literatura Russa ou Ciência da Informação, uma escritora finalista do Jabuti, uma psicanalista, artistas visuais que nos revelam sentimentos da Serra, da cidade grande ou do Alentejo. Elas respiram.

Trata-se de um livro de artista, que reúne textos, desenhos, fotografias, filmagens, costuras, remendos, fissuras e bordados. A vida é a linha, que fura e amarra as camadas da existência. Tensão do tempo, reflexão do espaço. Persistência do presente.

O trabalho foi escrito, desenhado, filmado, fotografado e editado durante os dois primeiros meses de isolamento social – abril/maio 2020. A inspiração para o título do livro veio do professor Boaventura de Souza Santos.

Como nomear a vida?

“No Brasil, o vírus repercute a ausência de humanidade presente na boca que escancara a necropolítica e ri das mortes anunciadas. Os portugueses dizem que vai ficar tudo bem. As dores atravessam as paredes e ressoam”, constata Célia Maria Foster Silvestre, pós-doutora em Estudos sobre Democracia.

Com o ouvido atento, Ana Paula Meneses Alves, doutora em Ciências Sociais pela Universidade de Granada, na Espanha, reverbera a angústia destes dias: “Entro no banho e escuto a água batendo no meu cabelo. Gritos. Gritos. Gritos da vizinha que sempre grita. Sempre me incomodou os gritos dela com a filha. As palavras que, para mim, eram piores do que qualquer surra. Mas hoje é diferente”. “A água continua a rolar pelos meus cabelos. Escuto mais gritos. Gritos de mulher, gritos de homem, coisas quebrando, coisas rolando”, relata.

Orgulhosa com a bela prática adotada pelos cubanos de aplaudir regiamente, todas às nove da manhã, os trabalhadores da saúde, a professora Yeisa Herrera vibra com a paixão da Ilha pela vida, e seu “reconhecimento à coragem, à consagração e à esperança”.

Este livro é uma homenagem à vida e à fé. É a história da resistência e da solidariedade. É a consagração da vitória da sobrevivência em tempos apocalípticos de pandemia, de genocídio e barbárie. É a demonstração de que a vida deve ser preservada, pois fazemos parte do mesmo ecossistema: todos somos um!

O e-book será comercializado a preço popular e serão impressos exemplares que serão distribuídos, posteriormente ao lançamento da edição virtual. A proposta acabou se transformando em um grupo de estudos e inspiração, que pode ser acompanhado em https://www.instagram.com/expandiropresente/ e https://www.facebook.com/expandiropresentecriarofuturo

O sarau virtual e bate-papo de lançamento acontecerão no próximo dia 27 de junho, sábado, a partir das 15 horas, pelo aplicativo Zoom, https://zoom.us/j/96613874717, ID da reunião: 966 1387 4717

Palavras-chave: Livro de artista. Isolamento social. Resistência. Mulheres. Literatura. Fotografia. Arte visual.

SIMÕES, Mirlene Fátima; NOTARI, Fabíola (Org.). Expandir o presente: criar o futuro. São Carlos: Edição do Autor, 2020. 136p.

Breve currículo das participantes:

Ana Paula Meneses Alves é bibliotecária, professora universitária e pesquisadora. Doutora em Ciência da Informação (FFC/UNESP), Doutora em Ciências Sociais (Universidad de Granada /Espanha) e Mestra em Ciência, Tecnologia e Sociedade (UFSCar). Docente na graduação e pós-graduação na Escola de Ciência da Informação da UFMG atua nos seguintes temas: Recursos e Serviços de Informação; Uso ético da Informação e Informação e Saúde. Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

Célia Maria Foster Silvestre é Doutora em Ciências Sociais (UNESP/FCLAr), com Pós-Doutoramento em Estudos sobre Democracia, Cidadania e Direito (CES/Universidade de Coimbra/Portugal). É docente vinculada ao Curso de Ciências Sociais (UEMS/Amambai), no Mestrado Profissional em Ensino de História – Professora de História (UEMS) e no Programa de Pós-Graduação em Antropologia – PPGAnt (UFGD). Dourados/Amambai, Mato Grosso do Sul, Brasil.

Cinthia Mendonça é artista e pesquisadora baseada na Serra da Mantiqueira. Cursa o doutorado em Práticas Artísticas Contemporâneas pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. É diretora da Silo – Arte e Latitude Rural uma organização que promove arte, ciência e tecnologia em zonas rurais e unidades de conservação ambiental por meio de programas de residências artísticas. Serrinha do Alambari, Resende, Rio de Janeiro, Brasil

Fabiola Notari é artista visual e pesquisadora. Doutora em Literatura e Cultura Russa (DLO/FFLCH/USP) e mestre em Poéticas Visuais (FASM/ASM). Coordena o Núcleo de Livros de Artista na Casa Contemporânea e sua produção está voltada à linguagem gráfica – gravura, desenho, fotografia e livro de artista. Peruíbe, São Paulo, Brasil.

Kamyla Borges é formada em fotografia pela Belas Artes e em direito pela USP/SP, é também doutora em planejamento energético pela Faculdade de Engenharia Mecânica da UNICAMP. Trabalha há mais de 15 anos no terceiro setor, em iniciativas relativas à interface entre energia e meio ambiente. O trabalho foi desenvolvido durante a quarentena na zona rural de Uberlândia, Minas Gerais, Brasil.

Lídice Salgot, publicitária aposentada e artista visual. Formada em Publicidade e Propaganda pela Faculdade de Comunicação, FAAP em 1975. Participante do GE Livros de Artista, na Casa Contemporânea – São Paulo. Em 2019 foi selecionada para integrar o grupo Meios e Processos na FAMA, em Itu. Sua produção artística tem foco em desenho, aquarela, fotografia e colagem.  Piracicaba, São Paulo – Brasil

Luana Chnaiderman, nascida em São Paulo, é formada em Letras pela USP onde também fez Mestrado. É professora de Português e dá cursos de escrita criativa na Escrevedeira, São Paulo. Escritora, publicou, entre outros, os seguintes livros: Minhocas (Cosac e Naif, 2014); Fuga (FTD, 2017); Os animais domésticos e outras receitas (Perspectiva, 2018). Com esse último título foi finalista do prêmio Jabuti, 2019. São Paulo, São Paulo, Brasil.

Lucimar Bello. Artista visual, desenhos, assemblages, instalações, vídeos, performances, livros de artista. Escritora. Pós-Doutora em Comunicação e Semiótica (PUC-SP). Pós-Doutora no Núcleo de Estudos da Subjetividade (PUC-SP). Doutora em Arte Educação (ECA-USP). Profa. Titular Aposentada UFU-MG.  Nasceu em Minas Gerais. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil

Marcia Matos é poeta, psicanalista, compositora, artista visual e mãe da Alice e da Melissa. Lançou seu livro de poemas pela Editora Patuá/SP, em 2018, com o qual apresenta um trabalho itinerante sobre o tema do suicídio, sensibilizando diálogos entre jovens, educadores, enlutados e profissionais da saúde, através da performance, poesia, canção e instalação de artes de visuais.

Miguela Moura, artista Visual, nascida do ventre da cultura fronteiriça entre Ponta Porã/Brasil e Pedro Juan Caballero/ Paraguai. Influenciada por seu pai e avô, sempre esteve intimamente ligada com o meio artístico, nutrindo assim uma grande paixão. No presente, busca valorizar sua identidade através de pinturas e fotografias. Governador Valadares, Minas Gerais, Brasil

Mirlene Fátima Simões. Graduada em Ciências Sociais (2001) pela Faculdade de Ciências e Letras da UNESP Araraquara, Mestrado (2006) e Doutorado (2012) em Sociologia pela mesma instituição. Membro da Sociedade Brasileira de Sociologia. Tem como temática de pesquisa mulheres jovens, perspectivas de vida, formação profissional e autonomia. São Carlos, São Paulo, Brasil

Monica Fonseca Severo, militante social, trabalha como docente na educação básica, na universidade e na pós-graduação. Mestre em Filosofia, se interessa pelos seguintes temas: educação, cultura, movimentos sociais, direitos humanos, política e América Latina. Produtora cultural, atuou no Ministério da Cultura entre os anos de 2012-2015. São Paulo, São Paulo, Brasil

Nubia Puebla Vinajera é técnica em Direito. Pertence à Oficina Literária “Gustavo Sánchez Galarraga” da Casa de Cultura do Município de Cerro. Atualmente, é membro do Workshop Literário Provincial “Luís Rogelio Nogueras”. Publicou antologias dos décimos “Alas al Viento” e “Sob a mesma chuva” no Canadá e, recentemente, publicou uma antologia no México, “La Habana Ciudad Letrada”. Participou de concursos municipais e provinciais, obtendo diferentes prêmios e menções. Cultiva os gêneros: história, poesia e dizimação para crianças e adultos. Participa como poeta em diferentes festivais e bienais internacionais de poesia em Havana. Vinajeras-Cerro, Havana, Cuba.

Priscila Bellotti. Artista visual, pesquisadora e designer gráfica. Desenvolve projetos relacionados à paisagem urbana e produz serigrafias, cianotipias, fine art, lambes e livros objetos. O trabalho desenvolvido para esse livro foi inspirado e reúne imagens e legendas do filme “Sangue ruim” de Leos Carax. São Paulo, São Paulo, Brasil

Renata Bueno, artista visual, participa regularmente de exposições, escreve e ilustra livros. Natural de São Paulo, Brasil, vive no Alentejo em Portugal.

Yeisa B. Sarduy Herrera é socióloga por formação. Mestre em Desenvolvimento Social pelo Programa FLACSO – Cuba, da Universidade de Havana. Pesquisadora do Instituto Cubano de Pesquisa Cultural Juan Marinello. Atualmente estuda o tema: consumo cultural (práticas de leitura) e desigualdades em crianças e adolescentes. Tutora, co-tutora e proponente de trabalho de graduação pertencente à especialidade de Sociologia da Universidade de Havana. Praça da Revolução, Havana, Cuba.

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