Um áudio que está circulando nas redes sociais postado por uma professora de uma escola estadual de Antônio João, está causando revolta e indignação em parentes, amigos e companheiros de trabalho do policial civil Waldir Rojas, que morreu esta semana depois de ficar por vários dias internado no Hospital Regional de Ponta Porã vítima de covid 19.
O policial possivelmente foi contaminado pelo coronavírus em contato com presos ou no atendimento ao público durante o trabalho e teve o ato de aposentadoria publicado no Diário Oficial enquanto estava internado.
Filho de um ex-policial de Antônio João e nascido naquela cidade, ele teve por vontade da família, teve o corpo levado para aquela cidade depois de ser preparado dentro do protocolo exigido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar o contágio com pessoas que manipulam o corpo ou participam do velório que tem um tempo limitado.
Transportado em um carro funerário com todo o aparato necessário, Waldir foi homenageado por parentes, amigos e companheiros das polícias civil e militar com um cortejo que percorreu o centro da cidade até o cemitério municipal. Durante o trajeto algumas pessoas chegaram a aplaudir o passagem dos veículos demonstrando respeito e admiração pelo agente.
Em sua postagem, a professora chamou o cortejo de “passeio” e disse que o fato colocou a população em risco de contaminação. O fato desagradou muitas pessoas que consideraram a atitude preconceituosa e demonstrou desconhecimento por parte da educadora.
“O problema pessoal não é trazer para enterrar aqui. Foi tudo a prefeitura e a vigilância que organizou (sic) para entrar por lá no cemitério. Mas o problema é esse passeio todo aqui, esse barulho todo aqui desfilando pela cidade inteira, esse é o problema. Quer dizer ele morreu, foi vítima da doença e estamos sendo colocado ai a risco (sic), por causa de uma inconsequência sei lá de quem? E não é do prefeito, do Afrânio e nem do pessoal daqui, porque foi tudo preparado para ir direto lá no cemitério”, diz ela no áudio.
O Ponta Porã News ouviu dois infectologistas que estão trabalhando na linha de frente no combate ao covid 19 e eles disseram que não há risco de contágio da população, já que os corpos são preparados nas funerárias seguindo rígidos protocolos de segurança sanitária e que estes cuidados começam dentro das unidades hospitalares onde ocorrem os óbitos, durante o velório que tem um tempo mínimo, no reduzido número de pessoas que podem participar deste velórios e até no sepultamento que são feios em covas com uma profundidade maior que do que as que são usadas normalmente. Os corpo antes de serem colocados nos caixões são envoltos em dois sacos especiais para evitar a contaminação.
O médico infectologista Daniel Abraão, disse há um preparo especial e que as medidas tomadas dentro do protocolo são eficazes e ele não vê risco para a população e muito menos para quem manipulou o corpo, como o pessoal da funerária e do cemitério. “Se eles tomaram todas as medidas recomendadas não há risco”.
Já a médica infectologista da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e membro da equipe da secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul, Mariana Croda, disse que nestes casos todas as medidas são tomadas para mitigar os riscos e que há um protocolo sanitário e de biossegurança definido e que se cumprido em todas a suas etapas torna o risco de contato quase zero.
A atitude da professora que causou revolta, mostra que existe muito preconceito com as pessoas infectadas pelo vírus e desinformação em relação ao contágio, formas de evitar este contágio e sobre o tratamento das pessoas infectadas pelo covid 19.
A professora não foi encontrada para falar sobre o áudio e a repercussão causada. Os familiares do policial Waldir lamentaram o fato, mas não quiseram dar declaração.