O acidente ocorrido no Porto de Beirute no Líbano, na terça-feira (4), que ceifou a vida de centenas de pessoas, deixando milhares de feridos, entristeceu pessoas do mundo todo, em especial no Brasil.
O Brasil possui atualmente a maior comunidade libanesa fora do Líbano, somando cerca de 10 milhões de pessoas em sua maioria residindo em São Paulo.
A fronteira seca entre Ponta Porã (BR) e Pedro Juan Caballero (PY) também possui uma forte ligação com o povo libanês, por meio de uma comunidade libanesa significativa e atuante, que ficou apreensiva com o grave acidente, principalmente pela instabilidade política e econômica que vive o país atualmente.
Passando por uma guerra civil em 2006, com o presidente deposto e tendo novas eleições apenas em 2018, o Líbano mergulha em crise política, aumentada nos últimos dois anos em meio a instabilidade racial e religiosa acompanhada de uma forte crise econômica que piorou muito com a pandemia de Covid-19.
A comunidade libanesa na fronteira atua principalmente no comércio e divide com brasileiros e paraguaios os seus costumes e tradições, tais como dança, religiões, vestimentas e culinária que ajudam a entender a identidade cultural deste país, muitas vezes chamados de “Turcos”.
Ponta Porã, por exemplo, tem uma Mesquita e uma Igreja Maronita do Rito Oriental, dedicada a São Charbel, contemplando as duas religiões mais presentes entre os libaneses. No total o Líbano possui 18 comunidades religiosas diferentes.
Conforme informações do Grupo Kawkaba de fomento a cultura árabe, a maioria das famílias árabes na fronteira é de sirios e libaneses, os primeiros chegaram nesta região cerca de 80 anos atrás.
Eram principalmente, comerciantes em busca de novos mercados ou refugiado de guerra, desde o início da atual guerra na Síria, houve outro boom de imigração na fronteira, atraindo principalmente jovens.
“A imigração segue o padrão libanês de outros lugares: Primeiro vem uma família e esta vai aos poucos trazendo os “brimos”, os parentes do Líbano” disse Amanda Cury, integrante do Grupo Kawkaba, que reside em Ponta Porã.
Historicamente o primeiro navio com libaneses em direção ao Brasil partiu de Beirute em 1880, os libaneses são chamados de “turcos”, porque desde o início da imigração libanesa no Brasil, eram cadastrados pelo consulado da Turquia.
Amanda Cury disse a reportagem do Ponta Porã News, não possuir familiares residindo em Beirute, mas que ficou muito apreensiva com a notícia das explosões no Porto de Beirute em virtude da instabilidade política do país.
“Infelizmente foi um grave acidente que matou centenas de pessoas. No início achei fosse um atentado, que me deixou preocupada em uma possível guerra civil. Faz uns dois anos que o Líbano está bastante instável politicamente, com os ânimos se exaltando nos últimos anos” disse Amanda, ressaltando que “o que me consola é não ter sido um atentado, mas infelizmente foi um grave acidente com muitas vidas perdidas, além de outras coisas ocorrida no centro antigo de Beirute, com grande destruição de patrimônios históricos e arquitetônicos. Agora é orar pelas famílias e vítimas”.
Beirute já foi destruída dezenas de vezes ao longo de sua história, sempre conseguindo se reconstruir com maestria, com mais esse trágico acontecimento, a comunidade libanesa se apega ao seu retrospecto positivo de se reerguer todas as vezes em que cai, fazendo valer o apelido de Fênix, aquela que renasce das chamas conforme a mitologia Grega.
Foto – Ponta Porã News
Legenda – Igreja Maronita do Rito Oriental, dedicada a São Charbel em Ponta Porã é o símbolo da presença libanesa na fronteira