Expansão do império da intolerância – II

Wilson Aquino*

O amor ao próximo, segundo maior mandamento de Deus, é a chave do perdão, que livra o homem das maldades e consequências da intolerância que prolifera como erva daninha nos campos sociais, profissionais, religiosos e familiares de nossa sociedade.

A insistência do homem em não aceitar o contraditório às suas ideias, pensamentos e ações, tem acirrado ânimos, elevado temperamentos e provocado a discórdia não apenas entre estranhos, mas também entre parentes, amigos e colegas de trabalho. Esses, que passam boa parte do dia, e por que não dizer da vida, juntos, lamentavelmente não têm o devido amor e respeito àqueles que pensam diferente.

Na semana passada, após a publicação da parte “I” deste tema, vivenciei uma repercussão considerável sobre a mensagem e diante de alguns episódios e desabafos, resolvi dar continuidade ao assunto, na esperança de que mais e mais pessoas ponderem sobre a intolerância; sobre seus próprios procedimentos e busquem, no final, um melhor relacionamento com o próximo.

É necessário que você e eu aprendamos ser mais humildes e perseverantes para trilhar com alegria e harmonia o caminho, com todos aqueles que nos cercam, mesmo que na vida real isso pareça ser muito difícil.

E como Deus é incrível! Ele sabia que o coração das pessoas se esfriaria nesses últimos tempos. Ele deixou isso muito claro nas Escrituras Sagradas (MT. 24:12). Tanto é verdade que se pegarmos como exemplo pessoas de uma mesma empresa, que convivem por anos e anos diariamente, muitos até por mais de década, são incapazes, salvo raras exceções, de estabelecer laços de verdadeira amizade e companheirismo com a maioria.

Viram a mesa e se ofendem com a menor discordância de ideias e opiniões contrárias às suas ou à de uma maioria. Lamentável essa intolerância entre pessoas que deveriam se respeitar mais e se relacionar como irmãos, como na verdade todos o são.

Precisamos (todos nós) nos desarmar: do conceito de que somos sempre os detentores da verdade e da razão; do preconceito em relação ao nosso próximo, de que tudo nele não nos agrada, como suas ideias, pensamentos, jeito de falar, de vestir, de cortar o cabelo; de pensar que os outros são os que precisam mudar para o perfil que achamos correto e que precisam corrigir suas falhas, fraquezas e imperfeições, se espelhando em nós, no que somos e no que pensamos.

Nesses últimos tempos, acende o alerta espiritual, aquele alicerçado nos ensinamentos e mandamentos de Deus, de que todos deveriam se conscientizar, de que pensar e agir assim leva à intolerância e às suas desastrosas consequências como temos visto em todos os ambientes de nosso convívio.

Membros de uma família me confidenciaram esta semana que somente agora conseguiram consertar uma grande ruptura de sua base familiar que os dispersou por quase uma década, por conta da intolerância. Foi necessário muito esforço e trabalho de alguns, com a ajuda de Deus, para que a união e a harmonia voltasse a reinar entre eles.

Um outro contou que depois de conhecer a Palavra de Deus, conseguiu enxergar o quanto era intolerante dentro de casa e do mal que isso fazia para a esposa e filhos.

Um conhecido contou que se considerava uma pessoa calma e pacífica. Porém, no trânsito, disse que se transformava numa pessoa impaciente e até violenta. E que chegou a partir para vias de fato por pelo menos três vezes com outros motoristas. Trabalhou muito nisso e hoje é mais tolerante quando dirige e reconhece o grande risco que correu por muito tempo em sua vida ao se confrontar com outras pessoas por motivos banais nas ruas e avenidas.

Felizmente Deus é misericordioso e bondoso para com todos nós, seus filhos. Com Seu grande amor, nos ensina como devemos proceder com nosso próximo, no lar, no trabalho ou na rua.

“Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai Celestial vos perdoará a vós; Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas” (Mt. 6:14-15).