Coluna Amplavisão – Eleições: Novas forças ameaçam velhas lideranças

Manoel Afonso*

ELEIÇÕES 2006: Os candidatos principais – André Puccinelli (MDB, PFL, PSDB, PSC, PL, PAN, PRTB, PMN, PTC, PT do B) e Delcídio do Amaral (PT, PSB, PTB, PC do B, PP, PSL, PCB, PTN, PRB). André obteve 61,34% (726.806 votos) e Delcídio chegou a 38,04% (450.747 votos). Imperou a força regional dos partidos e de lideranças, mesmo Lula sendo reeleito ao derrotar Alckmin e Zeca do PT estando no 2º mandato de governador.

OUTROS NÚMEROS: Marisa Serrano (PSDB) eleita senadora com 607.584 votos; Egon Krakheche (PT) – 456.363 votos e Leite Schimdt (PDT) 59.594 votos. Deputados federais: Vander Loubet (PT), Moka (PMDB), Dagoberto Nogueira (PDT), Waldir Neves (PSDB), Geraldo Resende (PPS), Nelson Trad (PMDB), Antônio Cruz (PP), Antônio C. Biffi (PT).

A FORÇA: Eleitos deputados estaduais: Reinaldo Azambuja (PSDB), Paulo Duarte (PT), Londres Machado (PL), Ari Artuzzi (PMDB), Marcos Trad (PMDB), Ari Rigo (PDT), Onevan de Matos (PDT), Paulo Corrêa (PL), Jerson Domingos (PMDB), Zé Teixeira (PFL), Arroyo (PL), Youssif (PMDB), Jr. Mochi (PMDB), Marun (MDB), Akira (PMDB), Kemp (PT), Picarelli (PTB), Dione Hashioka (PSDB), Braga (PDT), Antônio Cruz (PP), Teruel (PT), Rinaldo (PT do B), Cel Ivan (PSB), Marcio Fernandes (PRTB).

DETALHES: Ainda senador, Juvêncio C. Fonseca (PSDB) concorreu a deputado estadual e só obteve 8.267 votos. Com votação superior aos últimos eleitos, por força da coligação ficaram de fora: Dirceu Lanzarini, Celina Jallad, Tita, Cabo Almi, Pastor Oliveira, Bela Barros, Raul Freixes, Vanderley Bispo, Humberto Teixeira, João C. Krug, Ângelo Guerreiro e Eder Brambilla. Deles, apenas Guerreiro e Krug cumprem mandato.

OBSERVAÇÕES: Percebe-se que a coligação de Puccinelli tinha maior musculatura que a coligação de Delcídio. O candidato vitorioso contava com partidos que chefiavam a maioria das prefeituras e os seus candidatos ao Senado e Câmara tinham densidade e estrutura eleitoral maiores que os adversários. Esses fatores pesaram no resultado final do pleito.

MUDANÇAS: Daqueles 7 deputados eleitos do PMDB nenhum deles tem mandato. Artuzzi faleceu, Marquinhos mudou de sigla, Jerson está no Tribunal de Contas, Youssif na TV Educativa, Mochi disputou o Governo e perdeu, Marun foi ministro de Temer e está sem cargo/mandato e Akira se elegeu prefeito de Bataguassu. Dos deputados federais do PMDB eleitos naquele pleito, Nelson Trad faleceu e Moka perdeu a reeleição ao Senado em 2018. Murilo Zauith – vice de Puccinelli – hoje está no União Brasil da pré-candidata Rose Modesto.

COMPARAÇÃO: As diferenças são visíveis entre o cenário e personagens políticos daquela época com o quadro atual. Hoje temos novas forças políticas que fortaleceram outros grupos e siglas esvaziando forças que sustentavam essa antiga polarização. Será, por exemplo, que o MDB se recupera da perda de várias prefeituras e das lideranças de Reinaldo Azambuja, Murilo, Londres Machado e do Clã Trad?

MUDANÇAS: Por conta de decepções, mortes e o surgimento de novas figuras, também no interior aconteceu a renovação nas prefeituras e câmaras municiais, locais onde o MDB detinha notável poder. Hoje a sigla perdeu essa hegemonia em cidades como Três Lagoas, Corumbá, Dourados e Ponta Porã. As poucas cidades que a sigla comanda contam com colégios eleitorais inexpressivos.

EVIDENTE: Eleição lembra casamento. Você sabe como começa mas o final é imprevisível. Favoritos na largada podem acabar na rabeira, por erros de conduta dos candidatos, falha na estratégia, falta de estrutura (leia-se dinheiro) e até por falta de encantamento ao longo da campanha. Sim, para se ‘vender’ a imagem do candidato ao eleitor, é bom que ele seja agradável, carismático e que encante.

O TIME: A pré-candidata ao Governo Rose Modesto formatando sua equipe. O seu vice deve ser Murilo Zauith. Luiz H. Mandetta (União Brasil) será o candidato ao senado e dentre os pré-postulantes à Assembleia Legislativa constam Roberto Hashioka (ex-prefeito de N. Andradina) e o pastor Mauro Ortiz. O vereador da capital coronel Vilassanti tentará a Câmara Federal.

OUTROS PARTIDOS: Pelo partido Avante o Sergio Harfouche tentará o Senado ( ou a Câmara). Já a sigla Podemos tem como pré-postulantes à Assembleia Legislativa a ex-deputada Dione Hashioka, a ex-delegada Sidnéia Tobias, o vice prefeito Guto (de Dourados), o deputado Rinaldo Modesto e os vereadores da capital Ronilço Guerreiro, Zé da Farmacia. Devem disputar a Câmara Federal Flavio do Cabo Almi e o vereador pastor Clodoilson Pires.

AH…O PODER! Aposentado com bons proventos, ele poderia curtir mais a família e o lazer. Mas Sérgio Harfouche optou pelos sedutores holofotes do poder. Pode tentar a Câmara Federal ou Senado pelo ‘Avante’ ao lado da pré-candidata Rose Modesto (União Brasil). Como sempre, os sonhos e desafios são combustíveis motivadores da vida.

HIPÓTESE: Para alguns, se a candidatura de Harfouche ao Senado ocorrer, a disputa ficaria acirrada porque dividiria os votos entre Tereza Cristina (PP), Luiz H. Mandetta (União Brasil) e Odilon de Oliveira (PSB). Mas a ex-ministra Tereza Cristina pode ser prejudicada caso o desempenho de Bolsonaro decepcione, pois sua imagem está associada ao chefe da nação.

ENCRUZILHADA: Havendo 2º turno para o Governo Estadual e se a representante do PT fica de fora, com quem o partido marcharia? Apesar do desempenho crescente de Lula nas pesquisas locais, isso não refletiu na pré-candidata petista. Duas opções de apoio do PT são descartadas no 2º turno: André Puccinelli (MDBB) e Capitão Contar (PRTB).

EVANGÉLICOS: Tema surrado, mas oportuno face a pré-candidaturas deste segmento religioso a cargos majoritários e proporcionais. Marcharão unidos? Quem com quem? O que pesará na tendência deste eleitorado? Trata-se verdadeiramente de grupo diferenciado – ou no fundo – apenas portadores daquelas ambições inerentes ao ser humano em relação ao poder e suas vantagens?

TODOS IGUAIS? Exemplos nacionais negativos, inclusive na prefeitura de Campo Grande com o ex-prefeito Gilmar Olarte, passam um certo ceticismo à opinião pública. Afinal, a mensagem religiosa passada nas campanhas eleitorais nem sempre é levada a sério com fidelidade nas administrações públicas. Pesam as exceções dos casos negativos. Infelizmente.

MARÉ CONTRA: Cassado em 2016 pelo Senado e inelegível por 11 anos, o ex-senador Delcídio do Amaral colhe nova derrota. O nosso Tribunal Regional Eleitoral declinou a competência para apreciar o processo da ‘Lava Jato por crime de corrupção , lavagem de dinheiro e caixa 2. Delcídio sustentava que o dinheiro fora usado para quitar dívida da sua campanha ao Governo Estadual de 2006 e que deveria ser julgada pelo TRE-MS.

O PREÇO: Aos 67 anos de idade e inelegível até 2027, Delcídio perdeu o espaço no cenário político do Mato Grosso do Sul. Além disso não conseguiu montar e manter um grupo forte de apoio. Sua tentativa de liderar o PTB é vista sem futuro, não atraindo lideranças de peso e nem interesse de outras agremiações partidárias. Jogou errado! Paga caro!

LAMENTÁVEL: Na internet circula um vídeo do pré-candidato Alexandre Kalil (PSD) ao Governo Mineiro onde, numa entrevista, ameaça ‘jogar o repórter pela janela’, ainda o chamando de ‘seu merdinha’. Tudo porque o jornalista falou de sua vida pessoal, onde 12 de suas empresas tem problemas financeiras. Para Kalil, ‘não há que se misturar a vida pessoal do político com sua vida na publica’. Se a tese dele prosperar estaremos fritos.

FIM DA PICADA: Só o Bradesco, Itaú, Santander e Bando do Brasil fecharam 1007 agências em 2021. Isso resultou num inferno para os clientes, atendidos agora por uma central telefônica tocada com gente neófita. Como os banqueiros não são incomodados neste país, as pessoas gastam tempo, passam raiva para obter um simples atendimento. Algum político precisa falar sobre isso.

PONTO FINAL: “O Brasil anda triste. Obrigado a escolher entre o passado desastroso que produziu o presente trágico. Há uma imensa força do sistema obrigando todo mundo a escolher agora entre a coisa ruim e o coisa pior. Mas essa barragem vai arrombar!” (Ciro Gomes, nas redes sociais).

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