TREVAS? A morte de George Floyd motivou os protestos. Mas após a derrubada de estátuas – há no ar um apelo para a reação ir além. Prega-se a destruição da arte sacra e seus símbolos por serem racistas e discriminatórios contra os negros. No rol dos alvos a figura de Jesus e inclusive de obras arquitetônicas do cristianismo. Visível na escalada revanchista, mistura de ódio, ressentimento, complexo e inveja sob a desculpa de que é preciso fazer correções na história da humanidade e de seus valores. É o oportunismo cheirando vingança num mundo complexo, com mais perguntas e menos respostas.
A PROPÓSITO: Toda a obra de Jorge Amado é baseada em senhores de engenho e de muitas servindo-os, mucamas servindo suas senhoras, cuidando de seus filhos, amas de leite! Capitães de Areia, Os Pastores da Noite, Jubiabá, Dona Flor e seus Dois Maridos! Livros transformados em filmes, considerados livros sexistas de subjugação da mulher negra ao homem branco e posteriormente a um movimento de ‘cruza’ caracterizado como branqueamento! Indago: o que fazer com as obras de Jorge Amaro? Vamos nos espelhar nos americanos em sua reação ao racismo do filme ‘E o vento levou’?
CONCORDA? “…(-) … No campo do imaginário, o novo normal não será como antes. A gradual mudança de mentalidade coletiva, a meu ver, será o principal ganho no pós pandemia. O mundo seguirá ambíguo e contraditório, não eliminará de imediato as contradições sociais. Uma nova sociedade não surgirá num passe de mágica. Entretanto, respostas às crises são sempre criativas e inovadoras. O ano de 2020 não será um ano perdido. Talvez seja o prenúncio da virada. Haverá, como sempre, quem puxe para trás. Com certeza, porém, aumentarão os que sonham.” (Luiz Gonzaga Mota)
‘ESPERTOS’: Inconcebível conotação mais branda, incompatível com a gravidade do recebimento indevido do auxílio emergencial. Para minimizar o ato, ouvi a justificativa: “São um bando de espertos”. Então fui conferir os sinônimos de ‘esperto’ no dicionário e encontrei: Burlão, caloteiro, intrujão, escroque, pilantra, desonesto, solerte, patife, trapaceador, cambalacheiro, safado, ludibriador. Agora com máscara também para esconder o sorriso amarelo – muita gente ‘esperta’ terá devolver a grana que não tem direito – e o pior; que está fazendo muita falta às pessoas realmente necessitadas.
PLIM…PLIM… A vida para Bolsonaro não tem sido fácil. Os pontos negativos são superdimensionados pela grande mídia e os aspectos positivos ignorados. Claro que ele próprio e os filhos colaboram para tanto. Mas apesar dos escândalos e das bobagens, o presidente consegue – em todas as pesquisas – manter estável seu pelotão de eleitores fieis. Enquanto isso, as outras forças políticas seguem dispersas. Não há uma liderança no Congresso ou fora dele que encante o eleitor. Com crise, STF, pandemia, centrão e eleições; é esse o quadro! Mas o excesso de críticas poderá até vitimizar Bolsonaro.
PROCURA-SE: Onde estão as lideranças políticas do país? Antigas, desgastadas e não há novos nomes com brilho. E dentre os governadores nenhum destaque especial. João Dória (PSDB) ensaia o projeto sob a antipatia do eleitorado paulista devido ao currículo de oportunista. Com a esquerda dividida e enfraquecida essas eleições municipais funcionariam como uma espécie de ponte para o pleito de 2022, com os partidos do centrão preparando agora o terreno nas bases municipais. Basicamente é assim mesmo.
‘CENTRÃO’: Ele voltou! A frase lembra aquelas propagandas anunciando o retorno de um produto que realmente resolve todos os problemas com menor custo benefício. Essa votação para tentar adiar as eleições será um bom teste para comprovar se se a Câmara continua ou não como sempre foi. Ali não há espaço para ingênuos que acreditam em Papai Noel. É o velho jogo bruto para atender suas bases eleitorais que garantem aos deputados sua sobrevivência política. Seduzir 308 deles dentre 513 a trocar o certo pelo duvidoso não será tarefa fácil. Conclusão: sorte de quem irá tentar a reeleição.
CORRUPÇÃO: Em plena pandemia que assola o planeta não conseguimos nos livrar dela. As denúncias assustam: fraude na contratação de serviços não prestados, aquisição irregular de medicamentos e equipamentos para hospitais com faturamento muito acima do preço de mercado. Sem contar o recebimento ilegal do auxílio emergencial. Todo esse conjunto de praticas aéticas mostra que a pandemia tem sido uma oportunidade de ouro para’ bons negócios’. Conclusão: a vida está custando muito pouco.
VOTOS X VIDAS; Em cada cidade o mesmo drama para a administração: equalizar os interesses eleitorais/sociais com a responsabilidade de gerir a saúde da comunidade. Contemporizar todas as questões de personagens diferentes exige muita habilidade; primeiro para preservar vidas e segundo – dosar as atividades econômicas de modo a garantir o bem estar de todos. Mas há implicações eleitorais, dependendo da avaliação da opinião pública. Então alguns prefeitos sairão maiores, outros menores.
BATINA & VOTO: A Igreja Católica não tinha concorrência e reinava absoluto no 1º Reinado desde a 1ª. legislatura iniciada em 1826. Dos 102 deputados federais, 23 deles eram clérigos. Na 2ª. legislatura chegou a 22%; na 3ª. legislatura atingiu 24% das cadeiras. Durante o período imperial foram 223 religiosos na Câmara e 13 no Senado. Com as novas seitas o número de representantes católicos caiu nas últimas legislaturas.
PADRE GODINHO: Famoso em São Paulo, foi deputado estadual e deputado federal por dois mandatos (1963/67 e 1967 a 1971). Bom orador, vice líder da União Democrática Nacional. Quando da morte do presidente Jonh Kennedy ele foi escolhido para proferir o pronunciamento e a repercussão foi tal que o discurso acabou gravado em disco de vinil muito divulgado. O fato teria sido um dos motivos da cassação de seu mandato em 1969 – com os militares fazendo inclusive a apreensão do famoso disco.
DESTAQUES: Na pesquisa prefeitural da capital, divulgada na última edição, embora 43,68% não respondessem e não tivessem escolhido o candidato, o prefeito Marcos Trad (PSD) já teria 48,00%. Faltaria então pouco para vencer no 1º turno. Já o deputado Dagoberto Nogueira (PDT) em 6º lugar com apenas 2%, é o mais rejeitado com 14,08%. Enquanto isso, o ex-vereador Marcelo Bluma (PV) é o último colocado na aceitação com 0,17% – mas é o vice campeão em matéria de rejeição com 6,33%.
‘OS DONATÁRIOS’: Carlos Lupi manda no PDT desde 2004; o DEM é quintal do espólio de Antônio C. Magalhães; Ciro Nogueira impera no PP desde 2013. PMDB, PSDB, PT e outras agremiações fazem um rodízio no comando mas sem sair do grupo. Sabe como é! Seguro morreu de velho. Aqui também é visível a falsa democracia em vários partidos. Não há espaço para os novos com potencial. Assim ficam sempre nas mesmas mãos – que inclusive usufruem das generosas verbas partidárias. Entendi.
‘SOLUÇÃO?’ No país – a cada uma hora cinco pessoas morrem em acidentes de transito. A violência foi banalizada, tornou-se ‘normal’. Enquanto aqui vão afrouxar as normas, nos países asiáticos e europeus elas são cada vez mais rígidas. O afrouxamento das regras contido no projeto que o Senado irá apreciar representa ameaça de morte para todos nós. Os abusos regados à álcool devem aumentar. Depois, não adianta chorar!
‘SOBRA DE VAGAS’: Completo aqui a abordagem na última edição sobre as vagas de vereador. Explico: mesmo sem atingir o quociente eleitoral o partido pode eleger. Na sobra de vagas, faz-se novo cálculo dividindo o total de votos validos do partido pelo número de vagas que obteve no cálculo anterior, mais 1. O partido que obtiver a maior média recebe a primeira vaga, desde que o candidato atinja os 10% do quociente. Se não houver partidos que não atendam as exigências, as vagas serão distribuídas às legendas com melhores médias pela ordem de votação dos candidatos.
DOURADOS: Pelo menos através do noticiário envolvendo suas articulações, o deputado José C. Barbosa (DEM), em desvantagem nas pesquisas até aqui, tem se mostrado aguerrido como pré-candidato à prefeito. Impressiona sua disposição. Na outra ponta o líder, deputado Marçal Filho (PSDB) – ao seu estilo conhecido – também como pré-postulante. A desistência do deputado Geraldo Resende (PSDB) deixa um vácuo sem um beneficiado exclusivo. O embate promete; muitos interesses em jogo.
PONTO FINAL: “…(-) …Não nos iludamos. O vírus não veio para dar lição de moral à humanidade nem para ajudar a natureza a se livrar de seus maiores predadores. Veio para cumprir o seu ciclo químico de infectar organismos vivos na tentativa de se replicar, ainda que para isso possa causar a morte dos seus hospedeiros. Portanto, todas as previsões de como sairemos desse episódio surreal da caminhada humana são apenas conjecturas motivadas por nossos desejos e medos e ela nossa irremediável pretensão de querer adivinhar o futuro.” ( Nilson Silva)
OS GAFANHOTOS DA ARGENTINA CHEGARÃO AO CONGRESSO? (NA INTERNET)