DESAFIOS: 38% do eleitorado está nas capitais e 70 cidades com mais de 200 mil eleitores. É aí a batalha decisiva dos partidos já olhando 2022. O PSDB comanda 30 das cidades (21 milhões de habitantes), MDB 15 (5,6 milhões de habitantes), DEM, PSB, PSD 7 cada. O PT que em 2008 venceu em 25 delas não tem nenhuma atualmente. A intenção (tendência) de votos destas cidades acaba influenciando no resto do eleitorado.
NA CAPITAL e nas cidades do interior, como sempre, há candidatos para todos os gostos: profissionais, sindicalistas, idealistas, equivocados, religiosos e ingênuos. Cada qual avalia sua participação pela própria ótica, muitos sem o senso de autocrítica e estima. Milagres? Surpresas? São possíveis mas improváveis pelas pesquisas. Esse tipo de campanha engessada que teremos não oferece muitas chances para reviravoltas.
A RODA GIRA! Wilson B. Martins, Pedro Pedrossian, Levy Dias, Juvêncio Fonseca, Lúdio Coelho, Delcídio do Amaral e André Puccinelli. Passaram! Agora tchau! Novos nomes estão na área. Um deles é o ex-ministro Luiz H. Mandetta (DEM) ativo nos bastidores e costurando a participação de seu partido (DEM) nas eleições da capital apoiando Marcos Trad (PSD) e de olho no pleito de 2022. É a renovação. Faz parte.
MANDETTA: Pode concorrer ao Senado na disputa com Simone Tebet (MDB) e outros postulantes. Estar em alta no maior colégio eleitoral do Estado e com apoio do prefeito fará a diferença. E perdendo as eleições na capital o MDB estará ainda mais fragilizado para as disputas ao Senado e ao próprio Governo em 2022. Quem estiver bem situado agora debaixo dos holofotes da mídia colherá os dividendos no futuro.
CAPITAL e seus candidatos a prefeito: Marcos Trad (PSD), Dagoberto Nogueira (PDT), Pedro Kemp (PT), Sérgio Harfouche (Avante), Esacheu Nascimento (PP), Guto Scarpant (Novo), Marcelo Bluma (PV), Marcio Fernandes (MDB), Cris Duarte (Psol), Sidineia Tobias (Podemos), Paulo Matos (PSC), João Henrique (PL), Marcelo Miglioli (SD), Loester Trutis (PSL) e Thiago Assad (PCO).
PROPAGANDA: Decisiva! Sofisticada com os recursos influenciadores do ‘eleitor piolho’ das redes sociais também pelo celular. E quem não tem um? Igual a 2018, esse pleito caminhará no pulsar da internet. A ameaça da Justiça em punir o ‘fake news’ será inócua. Esse pessoal estará sempre a frente da justiça. Basta um só ‘disparo’ na internet para fazer estragos incalculáveis. Desmentir e recuperar as perdas leva tempo.
O PODER de convencimento evoluiu. E a música tem sido forte componente das críticas influenciadoras. Na Revolução Francesa, a ‘Marselheise’ embalou a povo. Esse trecho dela diz tudo: “Às armas, cidadãos! Formai vossos batalhões! Marchemos, marchemos! Que um sangue impuro banhe nossos campos!” Impossível dissociar essa canção do movimento que ceifou a realeza. Tanto é que acabou eleita o Hino Nacional.
HUMOR: Sempre presente; das velhas paródias mesclando ironia, emoção, reforçando imagens com refrãos marcantes e fáceis como a aquela marchinha ‘Vassourinha’ na campanha presidencial de Jânio Quadros (1960). Vale lembrar também ‘Homem de Miranda’ composta por Renato Teixeira para a campanha de Pedrossian ao Governo em 1990, tocada até hoje nas rádios como música integrante do repertório regional.
ANIMADO? Eleição já foi comparada a Copa do Mundo. A medida que a data ia se aproximando apareciam os sinais através de manifestações diversas e criando o clima característico do evento. Neste ano, embora o pleito municipal sempre seja mais motivador, nem parece ano de eleição. Reflexo de leis proibitivas? Culpa da pandemia? Desilusão do eleitor? Descrédito dos políticos? Acho que é um pouco de cada ‘coisa’.
SAUDADE? Cartazes em postes, faixas, comícios, passeatas, santinhos, brindes e outros artifícios proibidos pela pretensa moralidade eleitoral. A urna eletrônica veio como santo remédio. Mas o que dizer da onda de corrupção que atingiu o país em todos os níveis nos últimos 20 anos? Aprimoram o processo eleitoral – mas agora querem acabar com a Lava Jato que incomoda políticos e poderosos. Quanta incoerência!!!
CONVENCE? Qual seria a postura ideal de um candidato a vereador para pedir o voto? Mostrar seu currículo profissional? Revelar detalhes de sua trajetória na sociedade e seus projetos que podem efetivamente beneficiar a comunidade? Tudo isso para tentar convencer o eleitor cético, desmotivado, mas sabido, disposto a levar alguma vantagem neste ‘investimento’ camuflado sob o manto do ‘patriotismo e cidadania’? Convencerá?
O ELEITOR: Nele na sua maioria afloram algumas características: matreiro, calculista, esperto, ardiloso, ladino, manhoso, sagaz, ressabiado, malicioso, calejado, astucioso, vivo, dissimulado. Isso não é inerente a sua personalidade. É fruto sim do ambiente, da cultura política dominante. A apatia do eleitor de hoje é comparável ao desânimo do nosso torcedor em relação ao do futuro da seleção brasileira de futebol. Que pena!
TRAPALHÕES? A ‘Síndrome de Hutchinson-Gilford’ deixa 8 vezes a pessoa mais velha precocemente. Ela lembra a crise que atingiu o PSL no MS. pela precocidade da manifestação dos mesmos vícios dos velhos partidos. A briga interna pela candidatura à prefeito de Campo Grande é pífia, vexatória, ridícula. Portanto, esqueçam aqueles discursos ufanistas pela renovação de posturas. Enfim, prevaleceu a sede de poder.
EM BAIXA: O PT perdeu o monopólio do discurso e a bandeira em defesa das causas das minorias. Mas agora se repete aqui a ‘diáspora’ de outras capitais. Partidos da esquerda (Psol, PSB, PC do B) saíram debaixo da saia do PT lançando candidatos próprios ou fazendo alianças segundo a realidade local. PSB e PC do B optaram pelo apoio a Marcos Trad e o Psol decidiu por uma chapa própria e feminina. Inédita.
APARÊNCIAS: Elas podem enganar, mas em política elas precisam ser respeitadas na avaliação do potencial dos concorrentes e a realidade do cenário local. Veja o caso do prefeito Marquinhos; além de sua administração com boa avaliação nas pesquisas, conseguiu costurar 9 partidos em torno de sua reeleição. São eles: PTB, PTB, PSDB, Republicanos, PC do B, Cidadania, Patriota, Democrata e Rede. Ficou mais forte.
AGUENTA? Política não é para os fracos. Mesmo quem tem couro grosso um dia sucumbe. É o caso do senador Renan Calheiros (MDB) bombardeado desde aquele escândalo (2007) com a modelo Mônica Veloso. Internado para extrair um tumor renal, ele reclamou e admitiu que ‘o corpo um dia não resiste a tanta pressão’. Aliás, observem como os políticos envelhecem precocemente. É o preço do poder! Não há almoço grátis.
PALAVRAS certas em boca errada? Sim ou não, mas é um aviso. A fala do ministro Fux na posse do STF tirou o sono dos réus por corrupção. Ele foi claro ao advertir: “…Não podemos permitir que se obstruam os avanços que a sociedade conquistou nos últimos anos em razão das exitosas operações de combate a corrupção autorizadas pelo Poder Judiciário, como ocorreu com o Mensalão e tem ocorrido com a Lava Jato…”.
CONFIRA: “(-) …O vídeo estrelado por Lula erra na leitura da realidade. Aponta Bolsonaro como um “mostrengo” que foi parido pelas oligarquias brasileiras”, a quem o ex-presidente acusa de lucrarem em cima da desgraça do povo mais pobre. O Bolsonaro não é resultado do arbítrio de oligarquias. Essas estavam se locupletando com Lula no poder, inclusive dividindo o butim da corrupção industrial. Ou os empreiteiros com quem ele tinha relações até pessoais eram gente das camadas populares?” (Guilherme Macalossi)
Na internet: Reclamam do preço do arroz, mas bebem a cerveja mais cara.
Paulo Francis: Existe povo, politicamente? Não há resposta científica que nos dê certeza.