* Nivalcir Almeida
Ponta Porã completa neste 18 de julho, 109 anos de emancipação político-administrativa. A data reflete a importância deste município no contexto estadual, pois se trata da quinta maior cidade de Mato Grosso do Sul.
Em nível nacional, Ponta Porã ocupou, ao longo de mais de um século de História, lugar de destaque por conta de sua importância no contexto políico e econômico. Também no contexto militar pois se trata de um ponto estratégico do Brasil, fronteira com o Paraguai.
Por isso, recebeu, logo no início do século passado, quando se emancipou, uma atenção especial por parte do Governo Federal. O ramal ferroviário, por exemplo, inaugurado em 1953, conectou a fronteira ao Brasil, literalmente. Por conta da instalação dos trilhos da Noroeste do Brasil, cuja traçado orginal era ligar o centro-sul brasileiro a Corumbá, fronteira com a Bolívia, a importância de Ponta Porã foi valorizada com a implantação do trecho Campo Grande-Ponta Porã. A Ferrovia foi um divisor de águas para a população local, que antes voltava suas atenções para o Paraguai, de onde vinham os produtos para consumo da comunidade, correspondências e vários outros gêneros de extrema necessidade.
A força política de Ponta Porã sempre foi demonstrada com a representação em nível estadual e nacional. Na década de 1940 (mais precisamente entre os anos de 1943 e 1946), tornou-se oficialmente uma Unidade da Federação, por meio da criação do Território Federal de Ponta Porã. É o equivalente a Estado, na atualidade. Sua efêmera existência foi suficiente para demonstrar a real importância deste lugar no contexto nacional e também acalentou os sonhos de quem defendia a divisão do então Mato Grosso.
A presença de representantes de Ponta Porã os parlamentos estadual e nacional era comum até o final do século 20: senador, deputados federais e estaduais, sempre ocuparam cadeiras nestas Casas Legislativas durante décadas. Na década de 1990, por exemplo, Ponta Porã chegou a ter um senador, dois deputados federais e três deputados estaduais, ao mesmo tempo.
No contexto econômico Ponta Porã sempre se destacou. No início, a extração da erva-mate foi a principal atividade econômica, atraindo atenções do mundo todo. Os ervais nativos, existentes em toda a região, produziam o “ouro verde”, exportado para diversos luares do mundo e o sudeste brasileiro através do Paraguai e Argentina.
Ao logno do século 20, também ganahram destaque o ciclo da extração da madeira e a pecuária. A partir da década de 1970, a agricultura mecanizada tomou conta do meio rural, transformando Ponta Porã na maior produtora de soja de Mato Grosso do Sul. Aqui foi criado o maior empreendimento individual de cultivo da soja no mundo: a Fazenda Itamarati, uma área de 50 mil hectares que utilizava tecnologia de ponta na época. Hoje, a área se transformou no maior assentamento rural do mundo, formando o distrito de Nova itamarati, futuramente município, pois já conta com uma população superior a 15 mil habitantes, maior do que mais de 30 municípios de Mato Grosso do Sul.
A economia também funciona em plena harmonia com a vizinha Pedro Juan Caballero. Aliás, as históricas ligações com o Paraguaisão fundamentais para que prevaleça a irmandade entre os dois povos. Aqui, chegaram e continuam chegando, povos de diversos lugares do mundo, em busca de oportunidades, caracteristicas de fronteiras.
O comércio vive em função d eum mercado consumidor formado por mais de 200 mil pessoas: conjunto da população de Ponta Porã (mais de 90 mil habitantes) e de Pedro Juan Caballero (mais de 115 mil moradores). Além do trilinguismo (portuês, espanhol e guaraní), também circulam três moedas (real, guarani e dólar americano), movimentando uma economia diferenciada de outros lugares do Brasil e do Paraguai.
Certo afirmar que o passado glorioso, marcado por inúmeros momentos de destaque na História do Brasil, também ganha destaque no presente, pois Ponta Porã, aos 109 anos de emancipação, se renova, pujante, forte, importante, em todos os setores. Um brinde à Princesinha dos Ervais!!!!!
*O autor é professor e jornalista.