O Sindicato Rural de Corumbá cobrou dos governos federal e estadual e do Ministério Público uma maior compreensão quanto a importância do manejo do gado no controle e prevenção aos incêndios florestais no Pantanal, com base na nota técnica divulgada por pesquisadores de quatro unidades da Embrapa. Também pediu menos burocracia e menor custo na liberação das queimas controladas e prescritas de gramíneas não consumidas que se tornam combustível.
“O pantaneiro sabe há 300 anos que o boi age como bombeiro na redução dos riscos de focos de incêndios ao aproveitar os comportamentos naturais do gado no consumo da biomassa que se torna combustível, conceito que alguns setores tentam anular por interesses óbvios”, afirmou o presidente da entidade, pecuarista Gilson de Barros. “Mas agora é oficial: a Embrapa lança recomendação técnica apontando a eficiência do bovino na resposta às queimadas.”
Conforme o boletim nº 67 da Embrapa, divulgado no dia 16 de outubro, ao combinar o pastejo com a queima prescrita o gado contribui para prevenir o acúmulo de palha combustível. “As áreas onde há mais inundações tendem a ter mais queimadas, pois nelas não há gado, e a matéria orgânica se acumula nos anos de cheia, favorecendo o “fogo de chão”, que ocorre abaixo da superfície devido ao alto teor de húmus no solo”, sustenta o órgão de pesquisa.
Fogo nas reservas
Barros afirma, ainda, que o Ibama e o Ministério Público precisam seguir e aplicar esta recomendação e não apenas apontar o pantaneiro como supostamente responsável pelos incêndios florestais no Pantanal.
“O fogo, quando acontece de forma dolosa ou culposa em uma área de reserva ou uma área sem pastoreio, se torna incontrolável e ao sair atinge diversas propriedades ao mesmo tempo, dificultando, sobremaneira, seu controle”, aponta.
A criação de áreas tidas como protegidas, hoje improdutivas, e os campos abandonados no bioma desde a grande enchente de 1974, tornam-se vulneráveis ao fogo ao acumularem material inflamável, explicou o dirigente. “Surgiram corredores de fogo nos últimos anos, principalmente nas reservas e nas áreas sem pecuária. Seus proprietários deveriam adotar práticas de mitigação dessa biomassa e serem cobrados pelos órgãos fiscalizadores”, cobra.