A soja é um grão de alto valor nutricional. As sementes possuem, aproximadamente, 38% de proteínas, 20% de lipídios, 5% de minerais e 34% de carboidratos. Apesar disso, também contam com fatores que podem diminuir a sua digestibilidade por animais monogástricos, como aves, suínos e seres humanos.
Neste cenário, a rafinose e a estaquiose são dois tipos de açúcares solúveis presentes na oleaginosa e, quando ingeridos a partir da ração feita com farelo, acarretam em aumento de gases e desconforto intestinal, além de diminuírem a energia da ração e atrapalharem no ganho de peso.
Para trazer uma alternativa ao problema, a GDM desenvolveu uma soja com menores conteúdos de fatores antinutricionais a partir de uma técnica de edição gênica, classificada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) como livre de Organismos Geneticamente Modificados (OGM).
“Essa nova variedade foi desenvolvida para criar valor para a cadeia de negócios da soja. O seu uso na criação de aves e suínos deverá aumentar a qualidade nutricional, possibilitando aos produtores menores gastos para a engorda e ganho de peso mais rápido nos animais”, explica o presidente da empresa, Ignácio Bartolomé.
Segundo ele, a criação da nova edição de soja teve início há três anos e foi desenvolvida nos laboratórios da GDM em Cambé, no Paraná. “A expectativa é que essa nova variedade de soja esteja disponível no mercado até o final de 2025”, afirma.
Processo de obtenção em laboratório
Para obter o grão, um gene nativo da oleaginosa foi alterado. A nova versão da proteína deste gene resultou na redução de 75% da rafinose e 50% da estaquiose nas sementes. O gerente de Novas Tecnologias da empresa, André Beló, enfatiza que a empresa realizou estudos em seus laboratórios sobre a composição bioquímica das sementes, que confirmam que tais grãos possuem menos teor dos dois tipos de ingredientes. “Além disso, há uma ampla literatura científica que confirma que tais açúcares são os responsáveis pelos gases, problemas intestinais e dificuldade de digestão da soja convencional”.
O gerente acredita que o volume de aceitação da variedade no mercado será expressivo, dadas suas vantagens para a alimentação animal e para o processo de engorda. “Isso acarretará em ganhos para o produtor. Ela possui condição de ser comercializada e utilizada nos diferentes biomas brasileiros. Por isso, o objetivo da GDM é que tais sementes sejam disponibilizadas em todo o país. Nosso objetivo também é o de disponibilizar a semente para comercialização em diferentes países”, conclui.
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