O mercado de boi gordo tem registrado altas expressivas nas últimas semanas, com preços que já ultrapassam os 340 reais em algumas regiões. Esse cenário de valorização, impulsionado pelo aumento nas exportações e pela oferta restrita de animais, também tem gerado um impacto direto no mercado de bezerros, sinalizando um novo momento para a pecuária brasileira.
Em entrevista, Leandro Bovo, CEO da Radar Investimentos, explicou como a alta do boi gordo reflete diretamente no mercado de bezerros. “São faces da mesma moeda. Quando o preço do boi gordo sobe, o pecuarista que tem boi gordo recebe mais pela venda de seus animais e, com isso, consegue comprar mais bezerros, o que eleva o preço desses animais de reposição”, disse Bovo.
Ele destacou ainda que, embora os preços não subam na mesma proporção, o movimento tende a ser sempre na mesma direção, com os preços do boi gordo e dos bezerros andando juntos.
Bovo também comentou sobre as perspectivas para os preços dos bezerros nos próximos meses, afirmando que o Brasil está entrando em um ciclo de alta na pecuária.
“Após o aumento da oferta de bezerros, que foi observado em ciclos anteriores, agora estamos em um movimento de alta. Com o fechamento da ‘fábrica de bezerros’, a tendência é que a oferta diminua, o que deve levar os preços a se manterem elevados e a continuar subindo em 2025”, explicou.
Outro fator importante para esse cenário é o recorde nas exportações de carne bovina, especialmente para a China. O aumento nas vendas externas tem aquecido a demanda e influenciado as decisões dos pecuaristas sobre a reposição do rebanho.
“O Brasil é o supermercado do mundo, e a carne brasileira entrou em promoção. Isso aumentou a demanda e, consequentemente, os preços no mercado interno”, afirmou Bovo, ressaltando que, com o aumento das exportações, o mercado interno tem experimentado uma escassez de carne, o que eleva os preços.
Por fim, Bovo alertou os produtores sobre o planejamento para garantir uma boa margem de lucro, considerando o atual patamar de preços do bezerro.
“Agora, com preços mais altos para a reposição, os pecuaristas precisam garantir que o preço do boi gordo também continue elevado. O planejamento deve levar em conta essa pressão no custo de reposição, mas a tendência é de preços sustentados, com base na demanda externa e no mercado interno”, concluiu.
Canal Rural*