Brasil precisa de sintonia entre cadeias de grãos e proteína animal

A importância da prática de um equilíbrio com relação ao fornecimento de milho foi um dos pontos discutidos entre as cadeias de grãos e proteína animal do Brasil no XXXIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo. Especialistas pontuam que a implantação de um sistema de informação é uma alternativa para o consumidor interno.

O Congresso Nacional de Milho e Sorgo ocorre nesta edição na Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas (MG). Ele teve início no dia 12 e segue até amanhã (15). O evento é realizado a cada dois anos pela Associação Brasileira de Milho e Sorgo.

Um dos assuntos debatidos foi a necessidade de as cadeias produtivas estarem unidas, principalmente quando o assunto se trata do mercado consumidor interno de milho. Durante a abertura do congresso foi realizada a conferência “Commodities agrícolas brasileiras e os desafios para a produção e posicionamento de grãos e proteína animal”, apresentada por Ricardo João Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

De acordo com Santin, a avicultura e a suinocultura são os maiores clientes da produção brasileira de milho. Ele ressaltou que a abertura de portos por parte da China não deve atrapalhar o mercado interno do cereal, uma vez que o país asiático também realiza compras com os Estados Unidos e a Ucrânia.

Contudo, o presidente da ABPA reforçou que o produtor de proteína animal e o produtor de grãos devem andar juntos. “Somos a favor do livre comércio, mas, para o país, quando se consegue agregar valor ao milho na carne, é melhor. Se você exporta o milho diretamente ao invés de agregar valor na carne, ganha menos”.

Um possível financiamento da produção de milho por parte das empresas da cadeia de proteína animal não é descartado para o futuro, pontuou Santin durante a conferência.

Conforme o presidente da ABPA, o setor da carne estaria fazendo o que as tradings praticam hoje, ou seja, adiantariam recursos para a produção do cereal, proporcionando estabilidade ao agricultor e segurança ao setor da proteína animal.

Outro ponto destacado foi a importância da logística para o aumento da produção de milho. O assunto foi levantado pelo diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Glauber Silveira. Ele ressaltou a necessidade de infraestrutura de armazenagem e transporte para a produção de grãos.

A produção brasileira é considerada a mais sustentável do mundo, tanto em termos de grãos quanto proteína animal. Tal fator eleva ainda mais a segurança alimentar mundial perante o país, uma vez que o Brasil não possui registros de doenças como influenza aviária de alta patogenicidade como visto na Europa e nos Estados Unidos, e nem casos severos de peste suína africana como observado na China, Ásia e Europa, segundo Santin.

Durante o Congresso Nacional de Milho e Sorgo a oportunidade de o Brasil aumentar a produção de sorgo foi apresentada. Hoje, inúmeras variedades são estudadas e o grão é visto, também, como uma alternativa para a ração animal.

“Fala-se muito do binômio soja e milho. Este ano, a área de sorgo aumentou 22% e a produção em 40%, mas a área ainda é ínfima perto do milho“, disse o pesquisador Cícero Menezes, presidente da Associação Brasileira de Milho e Sorgo, durante a conferência de abertura do evento.

Menezes revelou que apesar da produtividade média mostrar três quilos por hectare, há produtores que alcançam seis mil quilos e até nove mil quilos por hectare.

Na terça-feira (13), durante o Congresso Nacional de Milho e Sorgo, foi realizada a conjunta das Câmaras de Milho e Soja do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A reunião teve como pauta a criação de um Estoque Regulador de Fertilizantes, Adesão do Governo Brasileiro no Internacional Grain Councill- IGC, o Complexo do Enfezamento do Milho, além do Programa de Estimulo ao Plantio do Sorgo e a Plataforma Bio Joint Lab da Embrapa.

Canal Rural*

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