Em procedimento administrativo disciplinar anterior, encarregado do IPM havia apurado que acusado era o mentor intelectual da ação criminosa dos policiais militares envolvidos
Após uma série de acusações envolvendo o ex-comandante da Polícia Militar de Nova Andradina, tenente-coronel José Roberto Nobres de Souza, o processo que o acusava de envolvimento em perseguição e agressão contra o jornalista Sandro Almeida, foi arquivado pela Corregedoria da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, gerando controvérsias e questionamentos sobre a eficácia do sistema da Corregedoria.
O processo, originado de um Procedimento Administrativo Disciplinar instaurado em junho de 2023, apontava Nobres de Souza como ‘mentor intelectual’ de uma ação criminosa envolvendo policiais militares subordinados e não subordinados ao 8ºBPM. A suspeita era de que estes estivessem envolvidos em um caso de perseguição e agressão contra o jornalista Sandro de Almeida.
Segundo o IPM (Inquérito Policial Militar), José Roberto teria escalado, de forma verbal, os policiais militares: o terceiro-sargento Luiz Antonio Graciano de Oliveira Junior, terceiro-sargento Marco Aurélio Nunes Pereira, cabo Elizeu Teixeira Neves e o subtenente José dos Santos de Moraes, este último de outra unidade, para assumir encargos de serviço em viaturas descaracterizadas e em trajes civis durante a passagem de comando da Unidade Operacional de Nova Andradina, em junho de 2023. Estes policiais, então, teriam se envolvido em uma ocorrência de abuso de autoridade.
Contudo, o Corregedor Geral da PMMS, Coronel Edson Furtado de Oliveira, decidiu pelo arquivamento do processo, alegando falta de elementos que comprovassem a participação de José Roberto na escalação dos policiais em questão. Segundo o Corregedor, os depoimentos dos policiais envolvidos negaram categoricamente qualquer envolvimento do ex-comandante na referida escalada.
Além disso, a Corregedoria inocentou o comandante da acusação de omissão ao não informar aos seus superiores hierárquicos sobre o envolvimento dos policiais em ocorrência de abuso de autoridade. Segundo a instituição, o escalão superior já estava ciente da possibilidade de ação da quadrilha “novo cangaço” na região, porém, não tinha conhecimento dos atos praticados pelos policiais militares com detalhes.
A decisão da Corregedoria Geral da PMMS tem causado indignação entre aqueles que esperavam por uma punição exemplar diante das acusações envolvendo o ex-comandante. Para muitos, o arquivamento do processo levanta questões sobre a transparência e a eficiência do sistema, especialmente quando se trata de casos envolvendo agentes do Estado.
A vítima
Enquanto isso, Sandro de Almeida, o jornalista vítima da perseguição e agressão, e seus apoiadores, prometem continuar buscando Justiça e lutando contra a impunidade, mesmo diante dos obstáculos apresentados pelo sistema.
Dos cinco policias militares, apenas o oficial tenente-coronel José Roberto Nobres de Souza, foi absolvido, já as praças foram condenadas. O caso continua sendo investigado na esfera criminal, onde os policiais militares serão ouvidos no próximo dia 4 de abril na Justiça Militar.