Ato pede afastamento da diretoria do Conselho Federal de Fisioterapia após denúncias de fraude

Uma manifestação pede o afastamento da diretoria do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito) após o Fala Brasil mostrar que a Controladoria-Geral da União (CGU) apura a participação do alto escalão da entidade em uma suposta fraude nas eleições dos conselhos regionais. O ato aconteceu em frente à Procuradoria-Geral da República no Distrito Federal. O Coffito afirmou que as eleições são de “é de inteira responsabilidade de uma Comissão Eleitoral com total autonomia, a qual é definida por meio de sorteio público e sem nenhuma intervenção ou relação com o Conselho Federal.”

Em reportagem exibida no mês passado, é possível ver que sacos de lixo, sem nenhum tipo de lacre, foram usados para guardar os votos, além de urnas não identificadas. As irregularidades foram encontradas na subsede do conselho em Curitiba, Paraná. A eleição que deveria escolher a nova presidência no Paraná virou uma briga judicial. A votação ocorreu em abril deste ano, e a chapa derrotada era ligada ao atual presidente do Coffito, Roberto Mattar Cepeda.

Os representantes não aceitaram o resultado, pediram a recontagem dos votos, entraram na Justiça e trancaram a urna em uma sala. A chapa vencedora, então, recorreu.
“Em uma primeira liminar, a Justiça determinou que tivéssemos acesso às urnas e, posteriormente, após demonstrarmos todas essas ilegalidades, o juiz suspendeu a determinação de recontagem. A recontagem não pode acontecer por uma decisão judicial. Porque, no entendimento do poder Judiciário, as urnas não foram acondicionadas de uma forma adequada”, diz o advogado Paulo Roberto Ferraz.

Mesmo após as eleições, a comissão eleitoral invalidou o registro da chapa vencedora por uma suposta propaganda irregular. Quem ganhou nas urnas entrou com uma ação na Justiça Federal e levou o caso ao Ministério Público Federal.

“Essas irregularidades vêm com o intuito deles se perpetuarem no poder. E, por algum motivo, eles não querem largar o poder de jeito nenhum. E isso tem sido recorrente em todos os estados”, disse o fisioterapeuta Bruno Aldenucci.

Outras polêmicas

A diretoria do conselho federal é alvo ainda de outra polêmica: a contratação de um assessor especial da presidência, braço-direito de Cepeda. O advogado Hebert Chimicatti recebe R$ 31 mil por mês. Ele faz parte do Coffito desde 2008, contratado como procurador jurídico assim que Roberto Cepeda venceu pela primeira vez as eleições do conselho.

Seis anos depois, o Tribunal de Contas da União determinou que o Coffito fizesse concurso público para o cargo de procurador. A suspeita é de que, para driblar a ordem do TCU, o Coffito contratou Hebert como assessor especial. Além disso, um servidor de órgão federal não poderia ter sociedade em empresas, mas, de acordo com o cadastro da Receita Federal, Hebert aparece como sócio de um escritório de advocacia e de uma agropecuária, o que é proibido por lei.

Chimicatti disse que o Coffito não recebe recursos públicos e não está vinculado a nenhum ministério. Por isso, ser sócio de empresas não seria incompatível com a contratação. O Confitto tem hoje mais de 367 mil inscritos em todo o país. Somente ano passado, o conselho gerenciou um orçamento de mais de R$ 41 milhões. Roberto Cepeda está à frente do Coffito há 15 anos.
A atual diretoria também precisa explicar imóveis abandonados em São Paulo e em Brasília. Na capital federal, o Coffito comprou um imóvel para ser a nova sede em 2015. O prédio custou R$ 22 milhões, porém, oito anos após o negócio ter sido fechado, o local segue vazio. Já em São Paulo, uma casa comprada pelo conselho há 24 anos está abandonada.

O outro lado

Roberto Cepeda e Chimicatti não quiseram gravar entrevista. Em nota, o Coffito disse que não houve fraude nas eleições e que a nova sede deve ser inaugurada no fim do ano. Sobre o prédio em São Paulo, afirmou que não há abandono e estuda demolição. A entidade destacou ainda que Hebert Chimicatti assessora comissões e não há ilegalidade. A CGU disse que não vai se manifestar.

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