Indígenas da área retomada Avae’te, em Dourados, passaram por oitiva da PF (Polícia Federal) que apura denúncias de ataque e ameaças de estupros por parte de ‘jagunços privados’ que ocorreram na semana passada.
O pedido de abertura de inquérito da Polícia Federal por meio do Ministério dos Povos Indígenas se deu após mediações conjuntadas da Defensoria Pública Estadual de Mato Grosso do Sul e Defensoria Pública da União.
Segundo o Midiamax, os depoimentos de ontem aconteceram na própria comunidade e duraram cerca de meia-hora, e foi acompanhada pelas antropólogas da DPE-MS e também da DPU.
“O povo indígena Guarani e Kaiowá da comunidade Tekoha Avae´te foi violentamente atacado por pistoleiros na madrugada do dia 15 de agosto e na tarde do dia de hoje”, diz o trecho do pedido feito ao superintendente da Polícia Federal de MS, Agnaldo Mendonça Alves, e também ao delegado da PF em Dourados, Alexandre Taketomi Ferreira.
Eloy Terena, secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas justificou que a investigação se faz necessária diante do novo “episódio odioso e criminoso vitimando o povo Guarani e Kaiowá que, legitimamente, luta pelo reconhecimento de seus direitos territoriais e faz jus à proteção de sua integridade física e moral, vem o Ministério dos Povos Indígenas solicitar a imediata instalação de inquérito policial para apuração dos fatos narrados”.
Barracos incendiados
Os indígenas relatam que convivem há anos com ataques e hostilidades de seguranças particulares de proprietários rurais. No último dia 17, o Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Povos Indígenas e da Igualdade Racial e Étnica, fez uma visita técnica ao local.
Outro relato dos moradores é que são constantes as promessas de uso do ‘caveirão’ (trator blindado), além de drones para monitoramento de tudo que acontece na retomada.
“Além de dizer que vão nos matar, os ‘jagunços privados’ estão falando também que vão nos estuprar primeiro, inclusive as nossas meninas. E a gente sabe que eles são capazes de qualquer coisa porque inclusive um deles estava preso e agora faz parte do grupo que tem nos atacado. A gente conhece cada um deles. São pessoas muito violentas”, denunciou uma das moradoras da comunidade.