Medo, o maior dos monstros

Wilson Aquino*

Sentimento natural e necessário não só para a sobrevivência do homem como para o seu desenvolvimento, na dosagem certa, o medo inibe as imprudências que colocariam em risco a vida de quem o ignora ou o subestima. Ele tem também um lado bastante positivo quando estimula vencer desafios para alcançar vitórias na vida profissional, pessoal e espiritual.

Só não se pode permitir que esse sentimento se torne dominante no cotidiano do indivíduo. Quando isso ocorre, deixa a pessoa temerosa de quase tudo. De sair de casa, de conversar, dirigir, caminhar, passear, dormir, se machucar, morrer e uma infinidade de outros medos.

Pais pecam não só em incutir medo desnecessário na criança como também na omissão de trabalhar esse assunto durante o seu crescimento, para que ela se torne uma pessoa segura e confiante para seguir o caminho com coragem e perseverança, sem medo da vida.

No brilhante quadro “Pense nisso, mas pense agora”, uma professora em sala de aula com diversas crianças, perguntou qual o maior medo de cada uma. Como resposta: “… do escuro”, “Bicho papão”, “da morte”, “de altura” até que a última delas respondeu: “do Malamem”. Sem entender, a professora pediu-lhe que explicasse.

A criança então respondeu: “… é um monstro muito perigoso. Eu nunca o vi, mas tenho pavor dele, pois minha mãe pede a Deus toda vez que vai orar: Livrai-nos do malamem”.

O medo é necessário, insisto, porém é preciso cuidado para que ele não traumatize o indivíduo, especialmente na infância, influenciando na personalidade da criança, que fica marcada por toda vida.

Os monstros criados pela imaginação, geralmente são mais terríveis do que os reais. Isso demonstra claramente que a falta de conhecimento, que é a mãe da ignorância, é a que conduz o indivíduo a temer e a não avançar na vida, em tudo aquilo que poderia ser bom e saudável para o seu bem-estar físico, mental e espiritual.

Uma das mais belas demonstrações de fé e, ao mesmo tempo, de medo, registradas pela Biblia, diz respeito a Pedro, discípulo de Jesus, que em certo dia, enquanto navegava junto com os demais apóstolos, viu alguém andar sobre as águas do mar, vindo em sua direção. Assustados, pensaram tratar-se de um fantasma. Não era. Era o Mestre.

Depois que Jesus se identificou, Pedro, entusiasmado, disse: “Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas.

Ele disse: “Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus”. Temos até aqui, uma grande prova de que a fé nos permite fazer coisas realmente incríveis. Porém, o que aconteceu em seguida, mostra o efeito do medo e o que ele pode provocar na pessoa.

Pedro estava caminhando sobre as águas, por conta da sua fé. “Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me!

E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pequena fé, por que duvidaste?

E, quando subiram para o barco, acalmou o vento” (Mt. 14: 28-32).

Observe que Pedro ia muito bem, movido pela sua fé, caminhando sobre as águas do mar. No entanto, a partir do momento em que ele mudou o foco, passando a observar e temer as ondas do mar, foi dominado pelo medo, que o tirou daquela posição milagrosa para fazê-lo afundar. Desesperado, pediu socorro a Jesus, que o salvou. A lição que fica é que devemos ser perseverantes no bom caminho. Sermos precavidos sim, mas nunca nos deixar dominar pelo medo.

“A fé é o antídoto do medo”, afirma Russell M. Nelson, presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Ele explica: “Quando falamos de fé – a que move montanhas e nos faz andar sobre as águas – não estamos falando da fé em geral, mas da fé no Senhor Jesus Cristo”.

E ele aconselha: “Dia após dia, em seu caminho rumo a seu destino eterno, aumentem sua fé. Proclamem sua fé! Deixem sua fé transparecer”. Nada temam, pois o Senhor está sempre contigo.

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