O debate da TV Morena entre os postulantes ao Governo do Estado foi mais um exemplo de como este formato esta datado. Debate é fundamental, é parte integrante e vital da construção democrática. No entanto, quando se permite que os candidatos elenquem números falsos, afirmações sem base na realidade, ataques construídos em ilações desonestas e quetais, a própria democracia se enfraquece.
Eduardo Riedel (PSDB), candidato ao Governo de Mato Grosso do Sul pela Coligação Trabalhando por um Novo Futuro (Número 45), fez uma reflexão sobre o uso de inverdades na campanha. Ele se referiu especificamente ao ex-prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, que nesta semana foi apontado por três veículos de comunicação do Estado como o “campeão das fakenews” durante a campanha.
“Vimos promessas mirabolantes de quem já governou. Números inverídicos, sem base real. Fico impressionado com o nível de inverdades ditas. Um candidato disse três informações inverídicas há pouco (referindo-se a Marquinhos Trad durante o debate) e vamos postá-las nas rede sociais para esclarecer à população. Não se constrói um Estado melhor com base em mentiras. O eleitor merece mais respeito”, disse Riedel.
Uma das inverdades ditas no debate gira em torno da Transparência no Governo do Estado. Na contramão da realidade, Marquinhos Trad, afirmou que o Estado tinha nota de transparência “pífia” na atual gestão. No entanto o Estado está na quinta colocação em todo Brasil nesta área. “Mato Grosso do Sul está entre os cinco melhores estados em Transparência do Brasil (segundo o Mapa Brasil Transparente 2021). Infelizmente tenho que lidar com estas inverdades”, rebateu o Eduardo Riedel.
Riedel também falou sobre a questão tributária, que tem sido usada por Marquinhos para atacar o atual Governo com informações distorcidas. “Nos oito anos do ex-governador André Puccinelli, por exemplo, a média de participação da arrecadação no PIB foi de 11,18% (Fonte: IBGE e SGE/RREO) contra 10,72% dos sete anos e meio anos do Governo de Reinaldo Azambuja”, disse Riedel.
O ex-prefeito de Campo Grande tem dito durante a campanha que o Governo do Estado tem sido um “Leão” na arrecadação de impostos. Na verdade, segundo o IBGE e o SGE/RREO, só o IPTU pago pelos campo-grandenses teve um aumento real (descontado a inflação) de quase 37% (36,36%) entre 2017 e 2021. É um valor alto, especialmente quando se leva em conta que a evolução do salário mínimo no mesmo período citado foi de apenas 7,5% Os impostos municipais subiram em muito maior proporção. O ISS subiu 23,63%. O ITBI subiu 47,32%. As Taxas e Contribuições de Melhoria subiram 20,47%.
As mentiras de Marquinhos Trad não pararam por aí. Durante o debate, disse que entregou 5 mil casas na Capital durante seu mandato. Novamente, a informação não procede. De acordo com a Agência de Habitação Popular de Mato Grosso do Sul (Agehab), a Prefeitura de Campo Grande entregou apenas 1.710 moradias com recursos próprios no valor de R$ 3 milhões. O número de 5.030 moradias entregues é do governo do Estado (das quais 2.812 unidades habitacionais foram contratadas na gestão atual – 2017/2021), entregues entre 2018 e 2022, com investimentos próprios de R$ 45,9 milhões.
Marquinhos disse ainda que realizou sozinho 80 mil cirurgias na capital. Outra inverdade. O repasse estadual para os hospitais do município totalizou, em 2022, R$ 446 milhões (60% do total dos recursos), de forma que mesmo que a Prefeitura tenha realizado 80 mil cirurgias de alta complexidade, o Governo do Estado as custeou, possibilitando a execução de tais procedimentos.
MAIS MENTIRAS
Outra inverdade dita ontem foi protagonizada pela candidata Rose Modesto, que afirmou que a fila de exames em MS aguardando para realizar exames, diagnóstico ou cirurgia eletiva é de 120 mil pessoas. Não é verdade.
A Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul esclarece que não há fila de 120 mil pessoas. Atualmente, a regulação de Campo Grande e Dourados indicam 47.858 exames reprimidos, sendo 25.919 em Campo Grande e 21.939 em Dourados.
Quanto às cirurgias eletivas, os municípios solicitaram quase 10 mil procedimentos que estão em execução em 33 municípios que fizeram a adesão ao ‘Opera MS’. O Governo do Estado investiu nesta nova fase da Caravana da Saúde R$ 120 milhões para ajudar os municípios a zerar suas filas de espera.
Portanto, a afirmativa da candidata Rose Modesto de que a fila é de 120 mil pessoas não é verdadeira.
O ex-governador André Puccinelli também abusou das inverdades ao dizer que o Governo do Estado não deu apoio à Fundação Fiocruz em MS. Na verdade, em junho, o Governo Estadual firmou convênio, em parceria com a Fiocruz, para o desenvolvimento de uma Plataforma de Pesquisa Clínica (PPC) ligada à saúde. Considerando o território fértil do Estado, a parceria abre possibilidade para o surgimento de novas pesquisas e até para contribuição no desenvolvimento de novos medicamentos e vacinas.
A Plataforma de Pesquisa Clínica com apoio do Governo do Mato Grosso do Sul busca ser referência nacional e internacional na realização de pesquisa acadêmica e de ensaios clínicos, em qualquer fase, interagindo com universidades e instituições de pesquisa, captando recursos nacionais e internacionais para a avaliação de novos fármacos e vacinas propostos pela indústria farmacêutica e instituições públicas.
Assim, mais uma vez, Mato Grosso do Sul saiu na frente destinando R$14,8 milhões por meio do convênio entre o Estado, Fundect e Fiocruz, para instalação e execução de pesquisa clínica no sistema de ciência e tecnologia em saúde na região Centro-Oeste.
Desta maneira, espera-se que a oferta de inovações tecnológicos na área da saúde beneficiem milhares de cidadãos sul-mato-grossenses. O convênio envolve as secretarias de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (SEMAGRO), de Saúde (SES) e a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect).
DESCONHECIMENTO E MÁ FÉ
Nem só de mentiras vivem alguns candidatos durante os debates eleitorais. Há também aqueles que se apoiam em acusações falsas e ilações sem base na realidade para atacar ao adversários. É o caso de Capitão Contar, que insistiu, durante o debate da TV Morena, em atribuir a Eduardo Riedel responsabilidade por supostos casos de corrupção no Governo.
“Em toda a minha trajetória profissional e pública sempre atuei fortemente para reforçar os mecanismos de combate à corrupção. Tanto é que, no Governo, montamos a Controladoria Geral do Estado, com ouvidoria e controladoria. Não havia. Todos os órgãos de controle fazem seu trabalho, com concurso, cargos técnicos, um especialista que veio da Controladoria Geral da União para ocupar o cargo, e fez um belíssimo trabalho, inclusive afastando 5 servidores com problemas originados no governo anterior. Vamos trabalhar para prevenis e combater a corrupção”, avisou.
Respondendo ao ataque de Contar, Riedel lembrou que é ficha limpa e que nunca foi investigado por nenhuma irregularidade. “O senhor atribui a mim os problemas que por ventura tenham ocorrido no passado. Vamos debater o futuro e o que nós podemos fazer para combater a corrupção em MS. De minha parte, o aperfeiçoamento dos órgãos de controle será permanente”, avisou.