A largada simbólica do início do plantio da soja na safra 2022/23 aconteceu nesta quinta-feira (22), em evento realizado pelo Projeto Soja Brasil, do Canal Rural, e pela Aprosoja.
Pela primeira vez em 11 anos, o evento ocorreu no estado de São Paulo. A anfitriã foi a Fazenda Nossa Senhora Aparecida, em Santa Cruz do Rio Pardo, a 255 km da capital. E o início da semeadura veio em grande estilho: o município recebei 40 mm de chuva em apenas 24 horas, o que representa 40% do total esperado para todo o mês de setembro.
“De certa maneira é emocionante ter um início de safra com um volume de chuva assim. Aumenta a expectativa para que a gente tenha uma excelente safra”, diz o produtor rural Rogério Ferrari, do Grupo Romalure, dono da propriedade.
O presidente da Aprosoja Brasil, José Sismeiro, prestigiou o evento. “Eu costumo dizer que a chuva é o insumo mais importante da lavoura. É o único que a gente não consegue comprar. Então, sempre que ela está presente em um começo de safra, a gente vislumbra que será a maior safra já produzida e colhida no Brasil. Ficamos muito contentes”, destacou.
O estado de São Paulo espera colher uma safra recorde de soja este ano, com mais de 4,620 milhões de toneladas. “O estado tem o segundo PIB agrícola nacional e a soja veio complementando isso. Além das áreas dedicadas da cultura, a soja entra como uma importante ferramenta na renovação de outras culturas que nós temos aqui no estado, como a cana-de-açucar, pastagens, citricultura, trazendo mais sustentabilidade, mais variação de renda, mais benefícios sociais”, efatizou o presidente da Aprosoja São Paulo, Azael Pizzolato Neto.
Franca expansão
Apesar de os números paulistas já estarem crescendo, a meta é intensificar este incremento – e em pouco tempo. “Nós temos um programa estruturado para que São Paulo em dois ou três anos chegue a 10 milhões de toneladas [de soja]. Não é uma coisa tão simples, mas também não é nenhum fim de mundo. Nós temos nesse estado mais de 5 milhões de hectares em pastagem que pode ceder espaço para a soja, para o milho e para outras tantas culturas”, contou o secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Francisco Maturro.
A safra brasileira da oleaginosa também deve alçar patamares inéditos. Segundo estimativas iniciais da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), poderão ser mais de 150 milhões de toneladas produzidas.
Produção sustentável
A sustentabilidade teve lugar de honra na Abertura Nacional do Plantio da Soja. “Costumo dizer que sustentabilidade não é mais opção, é condição ao desenvolvimento da agricultura, é condição para o acesso ao mercado internacional”, salientou o diretor de Conteúdo do Canal Rural, Giovani Ferreira.
Nesse ponto, a Embrapa teve papel fundamental para a evolução da agropecuária nas últimas quatro décadas. “Entre 60% e 70% da nossa área de soja e milho é feita com o plantio direto. Temos que mostrar ao mundo, por exemplo, que ao utilizar esta técnica a gente consegue colocar de 3 a 6 toneladas de CO2 por hectare no solo, tirando-o da atmosfera. Ao fazer a fixação biológica de nitrogênio no solo, apenas no ano passado, deixamos de emitir 200 toneladas de co2 na atmosfera”, afirmou o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno.
Práticas para alta produção e rentabilidade
O pesquisador da Embrapa Soja, José Salvador Foloni, ressaltou que nos últimos 20 anos – safra 2001/02 em comparação à temporada 2021/22 – o Brasil saiu de 16 milhões de hectares de soja e saltou para cerca de 41 milhões de hectares. “Então foram incorporados 25 milhões de hectares, um aumento de cerca de 250% de área de plantio de soja, sendo a grande maioria em cima de pastagem degradada”.
Já o chefe-geral da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti, reforçou que o Brasil é o único país do mundo que tem capacidade de crescer em produção alimentar nas únicas três formas sustentáveis: aumento de área plantada, incremento de produtividade das culturas por meio da tecnologia, e aumento produtivo da área por meio de sistemas de produção cada vez mais eficientes.
“Somos líderes no plantio direto, na rotação de cultura e estamos vislumbrando um grande futuro para sistemas integrados, com integração lavoura-pecuaria-floresta”.
Informação que faz a diferença
Em 11 anos de Projeto Soja Brasil, o Canal Rural foi o responsável por transmitir informações sobre toda a cadeia da soja aos produtores. O presidente da empresa, Júlio Cargnino, reforçou essa missão durante o evento. “É um momento em que juntos, nós Canal Rural, Embrapa e Aprosoja, assumimos um compromisso de estarmos juntos com o produtor rural ao longo de toda essa safra”.
Para finalizar, duas plantadeiras da Jacto, apoiadora do evento, lançaram as primeiras sementes nos 3.200 hectares da Fazenda Nossa Senhora Aparecida, que planeja colher de 75 a 80 sacas de soja por hectare nesta safra, caso o clima ajude, como fez na abertura simbólica do plantio.
Canal Rural*