Mesmo com o registro de chuvas, por vezes em grandes acumulados em Mato Grosso do Sul, a estiagem continua sendo a grande preocupação. Mais uma vez o fenômeno climático La Niña está influenciando no regime de chuva e temperatura, e pode durar até o início de 2022.
Outubro registrou volume de chuvas entre 125% a 150% acima do esperado em diversas localidades. De acordo com a coordenadora do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima, Valesca Fernandes, “observou-se precipitação acumulada mensal entre 200 a 400 milímetros nas regiões Central, Sudeste e Leste do Estado”. Porém, devido ao longo período de estiagem as chuvas não foram suficientes para reverter a situação de seca, afirma a especialista.
Dados do Monitor de Seca da ANA (Agência Nacional das Águas) analisados pelo Cemtec, indicam que em outubro 36 municípios sul-mato-grossenses enfrentaram situação de seca considerada grave, outros 24 municípios tiveram seca moderada, 16 registraram seca extrema e três da região do Bolsão (Selvíria, Paranaíba e Aparecida do Taboado) registraram seca excepcional.
Em novembro, as chuvas continuaram mal distribuídas. De acordo com o meteorologista Natálio Abrahão, entre os municípios que tiveram acumulados acima do esperado no mês, estão Campo Grande (238,2 mm), São Gabriel do Oeste (156,1 mm), Corumbá (137,3 mm), Corguinho (215,1 mm), Rochedo (221,4 mm), Paranaíba (178,8 mm), Cassilândia (232,2 mm) e Dois Irmãos do Buriti (221,4 mm). No restante do Estado as chuvas ficaram na média ou abaixo do esperado, como é o caso de Três Lagoas que registrou apenas 33,6 mm dos 147,2 mm estimados para o período.
“Apesar de algumas localidades apresentarem chuvas acima da média, o que predominou foram chuvas abaixo do esperado e mal distribuídas nas regiões produtoras, o que pode apresentar baixa produtividade, considerando que o mês de dezembro está previsto um veranico muito acentuado e longo com chances de estiagens atípicas”, alerta o meteorologista Natálio Abrahão.
Boletim climático da Embrapa reforça ainda mais os contrastes ocorridos no mês de novembro. Enquanto Ivinhema registrou 15 mm de chuva no mês, o município de Rio Brilhante registrou acumulado de 112 mm. Já Dourados, teve o menor índice pluviométrico da série histórica dos últimos 43 anos. Foram apenas 47 mm, ou seja, 30% da média histórica que é de 153 mm.
Pesquisador da Embrapa, Carlos Ricardo Frietz, destaca que 2021 está sendo um ano atípico em termos de clima, e lembra que o ano registrou o janeiro mais chuvoso em 42 anos, e também o inverno mais frio dos últimos 14 anos. A tendência é que o ano termine com esse mesmo cenário de contrastes. “Tivemos vários meses sob influência de La Niña, e atualmente estamos novamente. Há uma redução no volume das chuvas, principalmente, no sul de MS”.
Com relação as temperaturas, espera-se que registrem índices dentro e acima da média em boa parte da região Centro-Oeste, representando um clima mais quente do que o normal, que será uma consequência da menor formação de nuvens na região.
Estudos da Organização Meteorológica Mundial indicam que o La Niña 2021/2022 será de fraco a moderado e um pouco mais fraco do que o ano passado. Ainda assim, setores como agricultura, saúde, recursos hídricos e gerenciamento de desastres serão afetados.