O Setembro Amarelo é uma campanha dedicada à prevenção ao suicídio. E para isso, é preciso quebrar o tabu e falar sobre esse assunto. O Governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Estado de Saúde, realiza de 14 a 19 de setembro, o II Seminário Sul-Mato-Grossense de Prevenção do Suicídio e 6º Encontro de Saúde Mental de Anastácio.
Quem está em sofrimento, precisa compartilhar seus sentimentos com amigos, pessoa de confiança ou com um profissional. É importante falar sobre aquela sensação de dor física ou emocional que não passa, bem como, aquele sentimento de impotência extremas, que cada vez fica mais intenso e provoca tristeza profunda. Assim, o viver, infelizmente se torna um fardo.
“E quem passa por isso, precisa de ajuda. É preciso que fiquemos atentos aos sinais e as alertas, principalmente, daqueles que não encontram coragem de falar. E para quem fala, o ouvinte não pode encarar isto como um ‘mimimi’. A doença é real e séria. A responsabilidade é de todos”, explica o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, que se mostra preocupado com os índices do Estado.
Mato Grosso do Sul, é o 3º Estado com a maior taxa de mortalidade por suicídio no país, com taxa média de mortalidade de 9,5 por 100 mil habitantes (2019), número expressivo se comparado com a taxa nacional que é de 5,7 (2019).
Dentre a faixa etária mais prevalente para mortalidade, os jovens entre 20 e 39 anos são os que mais tiram a própria vida em relação a população geral do Estado. A população indígena também apresenta prevalência elevada nos jovens com idade entre 15 a 29 anos. Apesar da queda no número de mortes de 2019 para 2020 (o que já se esperava devido à pandemia), a preocupação agora é com o pós pandemia, considerando o aumento da demanda em saúde mental (pessoas com transtornos ansiosos, depressão, uso abusivo de álcool/drogas, luto, sequelas pós covid).
Quanto as tentativas de suicídio, a população jovem de 15 a 29 anos também é a mais prevalente, sendo as mulheres a mais atingida. Quanto a população indígena, o perfil fica entre 10 a 29 anos, homens são a maioria. O Estado registra queda de 2020 a 2021, porém os números são subnotificados, tendo em vista o acúmulo de funções dos profissionais de saúde em razão da própria pandemia.
Ações
Infelizmente, o suicídio não tem explicações objetivas, mas assusta, estarrece e silencia. Por isso, é preciso ser discutido e tratado como questão de saúde pública. Assim, desde de 2018, a Secretaria de Estado de Saúde desenvolve o projeto de ‘Prevenção do Suicídio’, com ações de vigilância em saúde, prevenção e promoção e gestão do cuidado.
Aprovado pelo Ministério da Saúde em 2018, inicialmente foi desenvolvido em 15 municípios com maiores taxas de mortalidade. Na relação estão: Amambai, Antônio João, Aquidauana, Aral Moreira, Caarapó, Campo Grande, Coronel Sapucaia, Dourados, Laguna Carapã, Paranaíba, Paranhos, Ponta Porã, Sete Quedas, Tacuru e Três Lagoas.
Entre os avanços estão: a qualificação da informação para tentativas de suicídio (notificação oportuna); qualificação de profissionais da saúde, saúde indígena, assistência social e educação para prevenção do suicídio de 15 municípios; a criação de 2 Grupos de Trabalho para prevenção do suicídio (1 na Microrregião de Ponta Porã e 1 agrupando os municípios de Caarapó, Dourados e Laguna Carapã); e finalmente, a adesão dos municípios na campanha do Setembro Amarelo.
Também são desenvolvidas pela SES anualmente seminários, cursos e oficinas de capacitação em saúde mental para todos os municípios do Estado.
Ajuda
A qualquer sinal, a ajuda pode vir por vários caminhos. Um deles é o SUS. Em todo o Mato Grosso do Sul, serviços pelo Sistema Único de Saúde, como as unidades básicas de saúde, estão disponíveis para a população que precisa de cuidados. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e ambulatórios de saúde mental estão espalhados por 22 cidades do Estado.
Com atendimento especializado, os CAPS funcionam em Aparecida do Taboado, Aquidauana, Bataguassu, Bela Vista, Bonito, Caarapó, Camapuã, Campo Grande, Cassilândia, Chapadão do Sul, Corumbá, Costa Rica, Coxim, Dourados, Maracaju, Nova Andradina, Naviraí, Paranaíba, Ponta Porã, Rio Verde de Mato Grosso, São Gabriel do Oeste, Água Clara, Três Lagoas e Sidrolândia.
Quem precisar de apoio nos demais municípios do Estado pode procurar atendimento na unidade básica de saúde – o postinho do bairro. Outra alternativa é Centro de Valorização da Vida (CVV), que atende gratuitamente pelo telefone 188.
É fato que o suicídio é um fenômeno complexo, de múltiplas determinações, mas saber reconhecer os sinais de alerta pode ser o primeiro e mais importante passo. Isolamento, mudanças marcantes de hábitos, perda de interesse por atividades de que gostava, descuido com aparência, piora do desempenho na escola ou no trabalho, alterações no sono e no apetite, frases como “preferia estar morto” ou “quero desaparecer” podem indicar necessidade de ajuda.