Eder Rubens
Ponta Porã cidade com 93 mil habitantes fronteira seca com Pedro Juan Caballero (PY), vivenciou um fenômeno diferente nos últimos dias ocasionado pelos incêndios que tomaram conta de diversas regiões de Mato Grosso do Sul e os países vizinhos Paraguai e Bolívia.
A região de fronteira registrou incêndios de grandes proporções que causaram pânico e destruição em plantações no Distrito de São Luiz em Aral Moreira, por exemplo, e no Parque nacional do Cerro Corá em Pedro Juan Caballero, que mobilizou o Corpo de Bombeiros de Ponta Porã e cidades do Paraguai.
A longa estiagem que atinge todo país, tem proporcionado inúmeros incêndios causado pelos mais diversos componentes desde irresponsabilidades a acidentes e fenômenos naturais por conta do forte calor.
Neste cenário foi possível observar a mudança na coloração da Lua, principalmente na segunda-feira (23), que despertou a curiosidade dos moradores da fronteira uma vez que os incêndios nos parques florestais do Paraguai e Brasil, provocaram o escurecimento do céu tingindo o Sol e a Lua de vermelho.
O fenômeno foi acompanhado pelo Grupo de Estudo e Polarização da Astronomia em Ponta Porã (GEPAP), fundado em 2016 uma iniciativa de professores de Ciências da Natureza, Matemática e aficionados da ciência natural que estuda corpos celestes e fenômenos que se originam fora da atmosfera da Terra, que explicaram a reportagem do Ponta Porã News alguns pontos que podem ter ocasionado essa mudança no aspecto da Lua.
“A presença de material particulado na atmosfera, proveniente desses incêndios também mudou a cor do céu na região de fronteira. Á noite, a lua que deveria nascer alaranjada devido ao horário próximo ao por do sol, nasceu extremamente avermelhada e se manteve assim por cerca de três horas, mesmo de madrugada e até o poente, se manteve atipicamente avermelhada” disse o Professor de Física Sérgio Larruscaim Mathias, membro do Grupo Amigos da Astronomia.
Segundo Sérgio Larruscaim , esse fenômeno não chega a ser estranho, o tom alaranjado da Lua ao nascer é consequência direta da absorção atmosférica dos comprimentos de onda entre ver e azul.
“Quando a camada de atmosfera contém materiais particulados não muito comuns, a absorção de parte do espectro luminoso pode ocorrer até mesmo com a Lua bem mais alta. Isso acontece, por exemplo, quando vulcões entram em erupção e espalham cinzas e material sulfúrico no ar, ou então devido à presença de fumaça de monóxido de carbono emitido por queimadas” explicou Sérgio.
O Grupo Amigos da Astronomia acompanhou por meio da imagem de satélite GOES 16 que registrou densa fumaça de queimadas avançado pelo interior da América do Sul Brasil, Bolívia, Paraguai e Nordeste da Argentina que contribuíram para essa mudança no aspecto da Lua.
O objetivo do GEPAP é popularizar a Astronomia através de palestras e observações astronômicas com telescópios em praças e parques da cidade, sendo aberta ao público.