Vidas fronteiriças importam? Para alguns não

A pandemia do Coronavírus que vem destruindo vidas e destroçando famílias em todo o mundo ainda está longe de acabar. Mas quando acordarmos do fim deste pesadelo seria bom que todo o sofrimento e as privações causadas pelo Covid 19 nos sirva de lição para juntos construirmos um mundo melhor, mais justo, humanos e fraterno.


O distanciamento social, as medidas sanitárias e os avanços da ciência tem salvado muitas vidas e muitas ainda serão salvas, apesar das perdas que ainda teremos, apesar de todos os esforços daqueles que heroicamente lutam dentro das clínicas, hospitais laboratórios e centros de pesquisas.


Aliás a pesquisa é a grande aliada da vida e a esperança de dias melhores para aqueles que não sucumbirem a este vírus que não escolhe quem são suas vítimas e mata indiscriminadamente independentemente da classe social, nacionalidade, credo religioso ou qualquer outra natureza que a própria natureza nos enquadre.


Para os sul-mato-grossenses que moram nas fronteiras com a Bolívia e o Paraguai e que durante algum tempo foram separados de nossos irmãos por barreiras policiais e seus fuzis e por cercas de arame farpado e pneus, no caso da cisão que nos foi imposta pelas autoridades sanitárias; aqueles dias jamais serão esquecidos.

Agora a ciência nos dá uma esperança e quem sabe um “compensação” pelo tempo que brasileiros, paraguaios e bolivianos ficaram separados sem poderem dividir as diferenças que nos une. Mas há que pense que “farinha pouca meu pirão primeiro”. Em uma atitude mesquinha o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad e dirigentes lojistas da Capital resolveram ir contra a ciência e contestar o projeto VEBRA COVID-19, que pretende imunizar todos os fronteiriços.

A iniciativa tem o apoio da Opas e é composto por diversas instituição, como Fiocruz, UFMS, Stanford University, Yale University, Instituto de Salude Global de Barcelona, Universidade da Florida, entre outras entidades de tecnologia.
O projeto coordenado pelo infectologista Júlio Crodda, uma das maiores autoridades mundiais e que conhece bem a fronteira, pois por muito tempo morou e trabalhou ao lado da esposa que também é cientista, em Dourados e com certeza já provou do nosso tereré.


Crodda e os demais cientistas incluíram as cidades que fazem fronteira seca com outros países em um estudo que visa avaliar o impacto de vacinação em massa, em pessoas entre 18 a 50 anos em 13 cidades, após 14 dias de dose única da Janssen. O objetivo é estimar efetividade de um regime de uma dose da Janssen redução de riscos de forma sintomáticas, graves e óbitos por COVID-19 após este período. Com isso serão vacinados todos os moradores de Mundo Novo, Japorã, Sete Quedas, Paranhos, Coronel Sapucaia, Aral Moreira, Ponta Porã, Antônio João, Bela Vista, Caracol, Porto Murtinho, Corumbá e Ladário.

O político e os lideres empresarias acostumados a ter prioridade em tudo, ficando sendo com a melhor e fatia de qualquer bolo e destinando as migalhas para o interior, “subiram” nas tamancas e querem ir contra a ciência e tirar a esperança de brasileiros, paraguaios e bolivianos, já que se o resultado for positivo terão milhares de vidas preservadas.


Trad reclama que os “doentes do interior” lotam os leitos de Campo Grande. Ora, se houver saúde na fronteira prefeito, estes “forasteiros” não precisarão ser levados para “seus” hospitais e as verbas ficarão nas 13 cidades beneficiadas pelo projeto, pois o senhor recebe por isso. O atendimento não é gratuito ou pago pelo contribuinte da cidade que o senhor administra e sim pelo povo através de impostos e repasses estaduais e federais. Não é favor é prestação de serviço.


O ato mesquinho já foi repelido pelo prefeito de Ponta Porã, Hélio Peluffo que considerou o esperneio dos “metropolitanos”, desmedida, egoísta e desproporcional. Aliás Peluffo já tinha sugerido a medida de vacinação em massa da população de fronteira brasileira com outros países como uma solução necessária e imediata.


O prefeito de Antônio João Marcelo Pé, disse que estão querendo tomar na marra as 150 mil doses que irão ajudar a proteger todo o país. “Foi uma conquista nossa. Nada foi retirada de Campo Grande. Estamos unidos e vamos lutar contra eles e não vamos perder o que é nosso por direito”.


Quilômetros de distância separam Campo Grande da faixa de fronteira, mas como rastilho de pólvora a tentativa de prejudicar a população das 13 cidades contempladas pelos projeto VEBRA COVID-19, se espalhou rapidamente e é o assunto mais comentado nas redes socais.


Em pouco tempo muita gente ficou sabendo que do discurso para a prática há uma fronteira muito maior que a ganância e a busca pelo poder a qualquer custo. Custo este que será com certeza cobrado nas urnas pelo povo fronteiriço, que só é lembrado por alguns candidatos da Capital a cada quatro anos.


Pelo menos a pandemia serviu para unir ainda mais o povo da fronteira e despertar o sentimento de esquecimento vivido por quem produz riquezas para o Mato Grosso do Sul e para alguns não importa se esteja vivo ou morto.
Mas para quem vive aqui não há fronteira ou preconceito que nos separe. Estamos mais unidos que nunca.
Fronteira vacinada já !!!

Veja também
plugins premium WordPress